terça-feira, 31 de maio de 2011

PF descobre "condomínio" de madeireiras em área da União na Amazônia; 8 são presos

Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo





A Polícia Federal de Rondônia prendeu nesta terça-feira (31) oito madeireiros que invadiram uma área de aproximadamente 170 mil hectares pertencente à União --equivalente à área da cidade de São Paulo-- para extrair ilegalmente árvores nobres, como cerejeira, mogno e faveira-ferro na região da divisa dos Estados de Rondônia, Acre e Amazonas, sobretudo em Vista Alegre do Abunã (RO)
Segundo o delegado Carlos Sanches, os criminosos cercaram e dividiram a área para cada um dos envolvidos e criaram uma espécie de condomínio fechado, batizado de “Condomínio Jequitibá", em alusão à madeira da árvore de mesmo nome. A região invadida pelos criminosos é de selva fechada.
Entre os detidos está José Genário Macedo, conhecido como “Ceará Popó”, que segundo a PF é patrão de Ozias Vicente Machado, preso na segunda-feira (30) suspeito pela morte do líder camponês, Adelino Ramos, o Dinho, assassinado na sexta-feira (27). No final do ano passado, agentes da PF à paisana foram informados da intenção de Ceará Popó em matar Dinho, que colaborava com o Ibama no combate aos madeireiros ilegais.
Na mesma ocasião, os policiais ouviram que Ceará Popó tinha interesse em matar agentes da PF. A Polícia Civil investigará se Ceará Popó tem participação na morte do ativista. Também foi preso Pedro Amarildo Clemente, irmão do deputado estadual José Eurípedes Clemente (PTN).
Segundo a PF, o grupo invadiu a área e começou a montar o condomínio em meados de 2009. Nesses dois anos, os criminosos removeram, sobretudo, as árvores nobres, mas a ideia era posteriormente desmatar a região para criar gado. Pelo menos 45 mil metros cúbicos de madeira foram retirados e 1.500 hectares foram devastados --equivalente a mais de 2.000 campos de futebol.
O grupo cobrava R$ 30 de pedágio para cada caminhão que atravessasse a área, que é cortada por estradas de terra precárias, em nome da Associação Ruralista do Ramal Jequitibá, que não existe legalmente. “Monitoramos o local e contabilizamos que em 90 dias passaram pelo menos 2.000 caminhões”, afirma Sanches. A quadrilha ainda mantinha olheiros que portavam rádios e telefones clandestinos.
Além de Ceará Popó e Clemente, foram presos Nixon Luiz Severino, André Bandeira Macari, Nedio Francisco Carbonera, Pedro Cesconeto, Ivo Armindo Ladwing e Moisés Basso Stevanelli. Os presos foram levados para o presídio Urso Panda, anexo do Urso Branco, em Porto Velho.

CHIQUITA BRANDS INTERNATIONAL É PROCESSADA POR FINANCIAR GRUPO PARAMILITAR DE DIREITA QUE ASSASSINOU MILHARES DE PESSOAS NA COLÔMBIA

A Chiquita Brands International é herdeira direta da United Fruit Company, a empresa que reinou soberana na América Latina durante a Guerra Fria



Durante grande parte do século XX, a United Fruit Company foi, muito provavelmente, a mais poderosa empresa multinacional da América. A United Fruit atuava na produção e exportação de bananas. Em função de seu poder econômico, a United Fruit Company conquistou uma posição de quase monopólio e expandiu-se com relativa facilidade por toda a América Latina. Muitos governos do continente viam no capital da United Fruit Company a possibilidade de crescimento e investimento, e concediam diversos incentivos para que ela se instalasse em seus territórios. A United Fruit Company construía ferrovias e portos ao se instalar num determinado país e, por isto, acabava controlando todo o processo de produção e exportação de bananas, fazendo com que em pouco tempo a economia dos países anfitriões ficassem sob seu controle. A influência da United Fruit Company junto ao alto escalão da CIA e do governo dos Estados Unidos acabou sendo utilizado para derrubar governos e combater revoltas contra os governos que apoiavam a empresa.

Desta influência da United Fruit Company nasceu o termo “Banana Republic” que foi utilizado para caracterizar os governos fantoches que foram instalados em toda a América Latina, mas principalmente na América Central onde estavam seus maiores plantios.

A United Fruit Company foi adquirida em 1968 pelo bilionário Eli M. Black que a rebatizou dois anos depois sob o novo nome de United Brands Company. Mas a United Brands Company acabou não rendendo o esperado, o que deixou a situação financeira de Black em condição desesperadora. Em três de Fevereiro de 1975, Black cometeu suicídio pulando de seu escritório no 44o andar do edifício da Pan Am, em Nova York. Mais tarde naquele ano, a Securities and Exchange Commission dos EUA expôs um esquema da United Brands (que foi apelidado de Bananagate) para subornar o presidente hondurenho Oswaldo López Arellano, com US $ 1,25 milhão, e a promessa de mais US $ 1,25 milhão para que o presidente hondurenho permitisse a redução dos impostos de exportação. O interessante é que López acabou sendo derrubado por um golpe militar patrocinado pela CIA.

Depois da morte de Black, a empresa trocou novamente de mãos em 1984,, quando outro bilionário, Carl H. Lindner Junior assumiu o controle da empresa e rebatizou-a novamente, agora sob o nome de Chiqueta Brands International.

Mas numa prova de que apesar da troca de nomes, as práticas autoritárias da antiga United Fruit Company continuam impregnadas na Chiquita, familiares de mais 4.000 mortos na guerra civil da Colômbia estão processando a empresa por supostamente ter desembolsado mais de US$ 25 milhões para o grupo paramilitar de direita, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) que usaram estes recursos para perseguir camponeses e membros dos grupos guerrilheiros de esquerda.  O caso contra a Chiquita Brands International foi reforçado pela liberação de mais de 5.000 páginas de documentos da própria empresa que demonstram a relação com as AUC.

Por sua vez, a Chiquita está alegando que o dinheiro dado às AUC era fruto da extorsão que a empresa sofria para que seus trabalhadores pudessem trabalhar em segurança. Mas metade do dinheiro foi desembolsada após o próprio governo dos EUA ter declarado em 2001 que as AUC eram um grupo terrorista.

A expectativa é que o conjunto dos processos que estão sendo movidos pelos familiares dos mortos possa custar bilhões de dólares à Chiquita.  Se isto acontecer, os familiares dos mortos podem até não ter o reparo que merecem, mas certamente será um consolo.

Mais detalhes sobre esse assunto podem ser encontrados no site CBSNEWS usando o link http://www.cbsnews.com/stories/2011/05/31/national/main20067475.shtml?tag=strip


OMS anuncia que celular pode aumentar risco de câncer




A radiação de telefones celulares pode causar câncer, anunciou a OMS (Organização Mundial de Saúde) nesta terça-feira. A agência lista o uso do telefone móvel como "possivelmente cancerígeno", mesma categoria do chumbo, escapamento de motor de carro e clorofórmio. A informação foi publicada no site CNN Health.

Antes do anúncio de hoje, a OMS havia garantido aos consumidores que a radiação não tinha sido relacionada a nenhum efeito nocivo à saúde.


Uma equipe de 31 cientistas de 14 países, incluindo Estados Unidos, tomou a decisão depois de analisar estudos revisados por especialistas sobre a segurança de telefones celulares.
A equipe encontrou provas suficientes para classificar a exposição pessoal como "possivelmente cancerígena para os seres humanos."

Isto significa que não existem estudos suficientes a longo prazo para concluir se a radiação dos telefones celulares é segura, mas há dados suficientes que mostram uma possível conexão, e que os consumidores devem ser alertados.

O tipo de radiação que sai de um telefone celular é chamado de não ionizante. Não é como um raio-X, mas mais como um forno de micro-ondas de baixa potência.

"O que a radiação do celular faz, em termos mais simples, é semelhante ao que acontece aos alimentos no micro-ondas: cozinha o cérebro", disse Keith Black ao site da CNN, neurologista do Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles.

A OMS classifica os fatores do ambiente em quatro grupos: cancerígenos --ou causadores de câncer-- para o homem; possivelmente cancerígeno para os seres humanos; não classificados quanto ao risco de câncer para o homem; e provavelmente não cancerígeno para os seres humanos.

O tabaco e o amianto estão na categoria "cancerígeno para os seres humanos". Chumbo, escapamento do carro e clorofórmio estão listados como "possivelmente cancerígeno para os seres humanos".

O anúncio foi feito do escritório da OMS em Lyon, na França, após o número crescente de pedidos de cautela sobre o risco potencial da radiação do celular.

A Agência Europeia do Ambiente pediu mais estudos, dizendo que os telefones celulares podem ser tão nocivos para a saúde pública quanto o tabaco, o amianto e a gasolina.
O líder de um instituto de pesquisa do câncer da Universidade de Pittsburgh enviou um memorando a todos os funcionários, pedindo a diminuição do uso do celular por causa de um possível risco de câncer.

A indústria de telefonia celular afirma que não há provas conclusivas de que a radiação dos aparelhos cause impacto sobre a saúde dos usuários.

O anúncio de hoje pode ser um divisor de águas para as normas de segurança. Os governos costumam usar a lista da Organização Mundial de classificação de risco cancerígeno como orientação para as recomendações de regulamentação ou ações.

MAIS UM CARTOOM DO DIOGO D´AURIOL: REFLEXO

EPIDEMIA DE E.COLI SE ESPALHA POR TODA A EUROPA



A epidemia de E. Coli que começou na Alemanha já atingiu a Suécia, e uma série de países, entre eles Rússia, República Tcheca, França, Áustria, Bélgica, Holanda e Dinamarca, iniciaram um banimento de legumes e verduras vindos da Espanha e da Alemanha.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já descreveu a presente epidemia de E. Coli como "bastante grande e bastante severa". Enquanto isto, autoridades alemãs já aconselharam a que as pessoas evitem comer tomates, alfaces e pepinos, numa demonstração de que a contaminação por E. Coli pode ser ainda mais grave e ampla do que tem se noticiado.

Esta situação, em pleno coração da Europa, expõe os problemas a que a produção e a comercialização de alimentos passa neste momento, principalmente em função dos modelos produtivos adotados pela Revolução Verde.

Mais sobre este assunto no site da BBC através do link http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-13597080

segunda-feira, 30 de maio de 2011

DIREÇÃO NACIONAL DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT) LANÇA NOTA COBRANDO AÇÕES PARA PUNIR ASSASSINOS DE LIDERANÇAS CAMPONESAS






A direção nacional da CPT lançou hoje nota cobrando providências do governo federal em relação ao assassinato de diversas lideranças camponesas nas últimas semanas no Brasil. A CPT, uma organização ligada à Igreja Católica, publica anualmente um relatório sobre conflitos no campo brasileiro onde são listados os nomes das pessoas que estão ameaçadas de morte por sua ação em defesa das comunidades rurais e dos recursos naturais existentes nas florestas brasileiras.

Em função de seu trabalho de organização dos camponeses, a CPT é hoje uma das principais organizações de defesa dos direitos dos pobres no Brasil. Assim, a manifestação postada abaixo é corroborada por décadas de trabalho direto com os camponeses, quilombolas, seringueiros, caboclos, ribeirinhos e indígenas que hoje suportam o grosso do assalto que está sendo feito contra suas terras e as riquezas ali existentes.



O Estado não pode lavar as mãos diante de mortes anunciadas

A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra reputa como muito estranhas as afirmativas de representantes da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Pará, do Ibama e do Incra que disseram no dia 25 de maio desconhecer as ameaças de morte sofridas pelos trabalhadores José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados a mando de madeireiros no dia 24, em Nova Ipixuna (PA). O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, chegou a afirmar que o casal não constava de nenhuma relação de ameaçados em conflitos agrários, elaborada pela Ouvidoria ou pela Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo.

A CPT, que desde 1985 presta um serviço à sociedade brasileira registrando e divulgando um relatório anual dos conflitos no campo e das violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras, com destaque para os assassinatos e ameaças de morte, desde 2001 registrou entre os ameaçados de morte o nome de José Claudio. Seu nome aparece nos relatórios de 2001, 2002 e 2009. E nos relatórios de 2004, 2005 e 2010 constam o nome dele e de sua esposa, Maria do Espírito Santo. Pela sua metodologia, a CPT registra a cada ano só as ocorrências de novas ameaças.

Também o nome de Adelino Ramos, assassinado no dia 27 de maio, em Vista Alegre do Abunã, Rondônia, constou da lista de ameaçados de 2008. Em 22 de julho de 2010, o senhor Adelino participou de audiência, em Manaus, com o Ouvidor Agrário Nacional, Dr. Gercino Filho, e a Comissão de Combate à Violência e Conflitos no Campo e denunciou as ameaças que vinha sofrendo constantemente, inclusive citando nomes dos responsáveis pelas ameaças.

No dia 29 de abril de 2010, a CPT entregou ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, os dados dos Conflitos e da Violência no Campo, compilados nos relatórios anuais divulgados pela pastoral desde 1985. Um dos documentos entregue foi a relação de Assassinatos e Julgamentos de 1985 a 2009. Até 2010, foram
assassinadas 1580 pessoas, em 1186 ocorrências. Destas somente 91 foram a julgamento com a condenação de apenas 21 mandantes e 73 executores. Dos mandantes condenados somente Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Irmã Dorothy Stang, continua preso.

As mortes no campo podem se intitular de Crônicas de mortes anunciadas. De 2000 a 2011, a CPT tem registrado em seu banco de dados ameaças de morte no campo, contra 1.855 pessoas. De 207 pessoas há o registro de terem sofrido mais de uma ameaça. E destas, 42 foram assassinadas e outras 30 sofreram tentativas de assassinato. 102 pessoas, das 207, foram ou são lideranças e 27 religiosos ou agentes de pastoral.

O que se assiste em nosso país é uma contra-reforma agrária e é uma falácia o tal desmatamento zero. O poder do latifúndio, travestido hoje de agronegócio, impõe suas regras afrontando o direito dos posseiros, pequenos agricultores, comunidades quilombolas e indígenas e outras categorias camponesas. Também avança sobre reservas ambientais e reservas extrativistas. O apoio, incentivo e financiamento do Estado ao agronegócio, o fortalece para seguir adiante, acobertado pelo discurso do desenvolvimento econômico que nada mais é do que a negação dos direitos fundamentais da pessoa, do meio ambiente e da natureza. Isso ficou explícito durante a votação do novo Código Florestal que melhor poderia se denominar de Código do
Desmatamento. Além de flexibilizar as leis, a repugnante atitude dos deputados ruralistas, que vaiaram o anúncio da morte do casal, vem reafirmar que o interesse do grupo está em garantir o avanço do capital sobre as florestas, pouco se importando com as diferentes formas de vida que elas sustentam e muito menos com a vida de quem as defende. A violência no campo é alimentada, sobretudo, pela impunidade, como se pode concluir dos números dos assassinatos e julgamentos. O poder judiciário, sempre ágil para atender os reclamos do agronegócio, mostra-se pouco ou nada interessado quando as vítimas são os trabalhadores e trabalhadoras do campo.

A morte é uma decorrência do modelo de exploração econômica que se implanta a ferro e fogo. Os que tentam se opor a este modelo devem ser cooptados por migalhas ou promessas, como ocorre em Belo Monte, silenciados ou eliminados.

A Coordenação Nacional da CPT vê que na Amazônia matar e desmatar andam juntos. Por isso exige uma ação forte e eficaz do governo, reconhecendo e titulando os territórios das populações e comunidades amazônidas, estabelecendo limites à ação das madeireiras e empresas do agronegócio em sua voracidade sobre os bens da natureza. Também exige do judiciário medidas concretas que ponham um fim à impunidade no campo.

Goiânia, 30 de maio de 2011.
A Coordenação Nacional da CPT

Relatório diz que 42 camponeses ameaçados de morte foram assassinados entre 2000 e 2011

Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo






A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou que, entre 2000 e 2011, 42 camponeses que foram ameaçados de morte vieram a ser assassinados. Anualmente, a CPT divulga relatórios que apontam os camponeses que receberam ameaças de morte no ano anterior.
Na década passada, agricultores receberam 1.855 ameaças de morte ao todo. Do total, 207 foram ameaçados duas ou mais vezes. Destes, 42 foram mortos e outros 30 sofreram tentativas de assassinato. Só no Pará ocorreram dezesseis mortes, o campeão em violência no campo. Em segundo aparece o Mato Grosso, com oito mortes (veja a lista no final do texto).
A lista deste ano, divulgada em abril, aponta que 125 pessoas, entre ambientalistas, camponeses e lideranças sindicais do campo sofreram ameaças de morte em 2010. Os Estados do Pará e do Amazonas são os campeões de ameças, com 30 registros cada. O Maranhão vem na sequência, com 37 ocorrências de ameaças - clique aqui para ver a lista em PDF.
Ainda segundo a CPT, ocorreram 401 assassinatos no campo entre 2000 e 2010.

Onda de mortes
Três dos quatro camponeses mortos na semana passada estão entre os que foram ameaçados mais de uma vez entre 2000 e 2010. O casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, executados na terça-feira (24) em Nova Ipixuna (PA), estavam na lista dos ameaçados de morte divulgada neste ano, referente a ameaças sofridas em 2010. Os nomes dos dois também apareceram nas listas de 2004, 2005 e 2010. José Cláudio ainda aparece sozinho nos relatórios de 2001, 2002 e 2009. 

Durante uma conferência realizada em novembro de 2010, José Cláudio afirmou que recebia ameaças de morte e que poderia ser morto a qualquer momento (veja o vídeo ao lado).

Também foi morto em Nova Ipixuna o agricultor Eremilton Pereira dos Santos, 25, cujo corpo foi encontrado nesse domingo (29) no mesmo assentamento onde o casal Silva residia. A polícia investiga se há relação entre os crimes.

Já Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), morto na sexta-feira (67) em enquanto vendia verduras no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho, figurou na lista de 2008 e em edições anteriores.

Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas, entre elas crianças, morreram nas mãos de pistoleiros e policiais militares. Assim como o casal Silva, o líder do MCC denunciava a ação de madeireiros ilegais que atuavam nas divisas dos Estados de Rondônia, Acre e Amazonas.

Nos Estados Unidos até produtos orgânicos já contêm transgênicos




Organismos geneticamente modificados (OGMs ou transgênicos) se tornaram ingredientes tão comuns em produtos industrializados que é impossível deixar de encontrá-los nas prateleiras dos supermercados, mesmo na maior rede de produtos orgânicos dos Estados Unidos - a Whole Foods Market. Alimentos orgânicos deveriam ser, por definição, livres de transgênicos.


O deslize fez com que a Whole Foods recebesse a visita de ativistas vestidos com macacões de proteção para risco químico. "Ninguém suporia que existem OGMs justo aqui no Whole Foods", disse Alexis Baden-Mayer, diretor político da Associação dos Consumidores Orgânicos, responsável pelo protesto.

Os donos da empresa argumentam que é praticamente inevitável a inclusão de produtos que contenham milho, soja ou outras culturas geneticamente modificadas.

Críticos dos transgênicos afirmam que o governo americano deveria obrigar empresas a incluir um rótulo informativo em produtos feitos com OGMs, sugestão rechaçada pela indústria. "O FDA (órgão americano de vigilância sanitária) tem o conhecimento científico para estabelecer os critérios para a rotulagem de alimentos e para verificar a segurança dos produtos", afirma Ab Basu, vice-presidente para alimentos e agricultura da Organização das Indústrias de Biotecnologia. "Você pode visitar o site do FDA e verificar se um cereal (transgênico) é substancialmente igual ao produzido convencionalmente. Não há razão para rotulá-lo de uma forma diferente", defende.

Livre mercado
"Se as empresas dizem que a engenharia genética não tem problemas, então vamos rotular os produtos e deixar que os consumidores decidam", diz Michael Hansen, cientista do Sindicato dos Consumidores. "É o que todos os defensores do livre mercado dizem. Então vamos deixar o mercado funcionar."

Michael Jacobson, diretor executivo do Centro pela Ciência no Interesse Público, que não se opõe a transgênicos, afirma que muitos empresários consideram a rotulagem de transgênicos um passo muito arriscado. "Nenhuma empresa de alimentos utilizaria OGMs se fossem obrigadas a rotular os produtos, pois não traria nenhum lucro", diz. "O termo transgênico se tornou uma palavra tóxica. Por isso, se uma companhia percebe que pode perder cerca de 2% das suas vendas, por que o adotaria?"

De fato, uma pesquisa de 2006 da Iniciativa Pew para Comida e Biotecnologia mostrou que só 23% das mulheres (as principais tomadoras de decisão na hora de consumir) consideravam os transgênicos seguros.
Por outro lado, a mesma pesquisa mostra que a maior parte dos americanos não sabe o que é um OGM. Só 26% sabiam que, com grande probabilidade, já tinham consumido transgênicos.

OTAN MATA PELO MENOS 20 CIVIS NO SUDOESTE DO AFEGANISTÃO



As críticas do ex-embaixador britânico às táticas agresssivas empregadas pela OTAN no Afeganistão continuam sendo ignoradas na prática. O alto comando da OTAN  no Afeganistão acaba de reconhecer que um dos seus bombardeios matou em torno de 20 civis afegãos, e entre eles pelo menos 10 eram crianças. 

Essa notícia já havia aparecido nos jornais internacionais no final de semana como uma "possibilidade", ou seja, que os mortos pelo bombardeio tinham sido civis. A coisa ficou mais clara quando os aldeões onde o ataque ocorreu apareceram no palácio do governo regional com as crianças embrulhadas em lençóis brancos.

Agora, o presidente/fantoche Hamid Karzai veio a público reclamar de mais esse ataque mortal contra civis afegãos perpetrado no meio da noite pelas tropas da OTAN. E depois ainda tem analista coçando a cabeça para entender como os guerrilheiros maltrapilhos do movimento Talibã continuam resistindo e se tornando cada vez mais agressivos e eficientes nos seus ataques às tropas internacionais. A resposta está na morte dos civis!

Mais detalhes sobre esse ataque podem ser obtidos no site do jornal GUARDIAN através do link http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/30/nato-apologises-afghan-civilian-deaths.

domingo, 29 de maio de 2011

PARA TERMINAR O DOMINGO COM ROCK: BRUCE SPRINGSTEEN CANTA "YOUNGSTOWN" EM YOUNGSTOWN, OHIO

Slavoj Zizek: "A liberdade da internet é falsa"


Um dos pensadores mais polêmicos da atualidade, o filósofo esloveno diz que a sociedade digital é dominada por empresas e que nela não há democracia
NELITO FERNANDES
O filósofo esloveno Slavoj Zizek escolheu um lugar inusitado para gravar a entrevista para um documentário em São Paulo. Enquanto os produtores debatiam, Zizek sugeriu: “Por que não fazem a entrevista comigo sentado numa privada? Dizem que eu falo muita m..., então é o lugar ideal!”. O episódio resume o espírito de seu protagonista: é um provocador que sabe manipular as aparências. Profundo e às vezes até incompreensível em seus textos, Zizek recorre com frequência a temas pop para explicar suas convicções. “Kung Fu Panda, por exemplo, tem toda aquela ideologia de kung fu por trás, mas é emblemático de nossa sociedade: tudo se resume à luta e à comida”, diz ele. O polemista admite que, às vezes, é provocador: “Eu gosto de complicar as coisas”. No Brasil para uma série de palestras e o lançamento de dois livros, Zizek recebeu ÉPOCA no saguão de um hotel de luxo em Copacabana, de frente para o mar. De jeans e camiseta, bem-humorado, afirmou que não existe sociedade completamente livre, defendeu um debate sobre o modelo econômico mundial e chamou o diretor David Lynch de idiota.
ENTREVISTA - SLAVOJ ZIZEK



Guillermo GiansantiQUEM É
Slavoj Zizek, de 62 anos, é filósofo e crítico esloveno 
O QUE FEZ
É autor de vários livros. Considera sua obra-prima 
A visão em paralaxe, sobre o deslocamento aparente de um objeto, quando, na verdade, quem mudou de posição foi o observador 
O QUE PUBLICOU
Está no Brasil para lançar os livros 
Primeiro como tragédia, depois como farsa e Em defesa das causas perdidas, ambos pela editora Boitempo



ÉPOCA – O senhor tem criticado a nova tendência de armazenar as informações em grandes computadores externos (as “nuvens”), e não mais nos computadores pessoais. Isso não é paranoia? 


Slavoj Zizek – Não é para transformar em paranoia, mas é um perigo. O que eu digo é que pensamos na internet como um espaço público e aberto, mas ela não é isso. É um espaço privado. Gostamos de dizer que nosso uso da internet é aberto, em contraste, por exemplo, com o que é feito na China.



ÉPOCA – Mas qualquer um pode abrir um site, escrever o que quiser... 


Zizek – E isso sempre estará vinculado a alguma empresa. É uma falsa ilusão de espaço público. É mais ou menos como um shopping: é público, mas existe exclusão. O espaço é controlado por uma empresa, está dentro de uma cúpula, controlado.



ÉPOCA – Então não somos livres? 


Zizek – Tudo é permitido, mas nem tanto. Recentemente, na China, eles proibiram na TV histórias que tivessem viagens no tempo e realidades alternativas. A explicação oficial é que a história é uma coisa muito séria para ser submetida a esse tipo de ficção. Na verdade, eles têm medo de que as pessoas possam simplesmente pensar que a realidade poderia ser diferente. Aqui não temos esse tipo de controle, mas existem áreas onde não é possível pensar em realidades diferentes.



ÉPOCA – Quais? 


Zizek – Nós achamos que quase tudo é possível na tecnologia. Viajar pelo espaço, clonar, fazer crescer órgãos, usar células-tronco. Mas, na economia, se você propuser qualquer alternativa, eles dizem: “Não! É impossível. Você não pode nem pensar nisso”. Até a esquerda aceita que a receita liberal, do jeito que é, está certa.



ÉPOCA – Isso não é um paradoxo, já que temos informações de todas as partes do mundo, ainda mais com a internet? 


Zizek – Um exemplo: como a imprensa trata a questão do Oriente Médio? A imprensa vai lá quando algo está acontecendo. O ideal seria saber o que acontece lá quando nada está acontecendo. Como é a vida quando nada que interessa à mídia está acontecendo. Aí é que estará o verdadeiro horror. De repente, do nada, ocorre algo e a mídia vai correndo e todos se perguntam: “Por que aconteceu isso?”. Não deveríamos ser tão fascinados apenas pelo que está acontecendo. Olhe o que está por trás, o que acontece quando nada acontece.



ÉPOCA – A democracia e a liberdade de escolha nos protegem?

Zizek – A democracia funciona assim: é um pacto secreto entre as pessoas e a elite. As pessoas não querem decidir de verdade. Eles querem que alguém diga o que fazer, mas querem manter a aparência de que estão decidindo. Toda pessoa tem medo de decidir. É difícil ser realmente livre e decidir. É um pesadelo. Quer dizer que você tem de assumir completamente a responsabilidade.



"Nós achamos que quase tudo é possível na tecnologia. Mas, na economia, 

se você propuser qualquer alternativa, eles dizem que é impossível"



   Divulgação
PRODUÇÃO

Dois livros de Zizek lançados no Brasil. Ele analisa a cultura contemporânea
ÉPOCA – O senhor já provocou polêmica ao dizer que Hitler não foi violento o suficiente. Acha que a liberdade é poder dizer coisas assim? 


Zizek – Admito que eu gosto de provocar, mas não disse isso no sentido literal. As pessoas quase tiveram um ataque do coração quando eu disse que o problema de Hitler é que ele não foi violento o suficiente. Meu ponto é simples: Gandhi foi mais violento do que Hitler. A verdadeira violência é a violência da mudança social. Hitler fez o que fez para evitar uma mudança social. Nesse sentido, ele foi basicamente um covarde, mesmo tendo matado milhões.







ÉPOCA – O que o senhor acha das críticas a Lars Von Triers, que disse que entendia Hitler? 


Zizek – Não devemos ser livres para celebrar Hitler, nada disso. Claro que Hitler fez coisas horríveis. No caso de Lars tem outra questão: o artista deve ser julgado pelo que ele faz. Eu odeio essa ideia de que, se você conversar com um diretor ou com um autor, você vai descobrir algo incrível, algum segredo. O que eles sabem está no que eles produzem. Muitos deles são idiotas. David Lynch, francamente, é um idiota. Ele está agora numa empreitada para coletar milhões de dólares para construir uma imensa cúpula de meditação porque ele acha que se mais de dez pessoas meditarem num lugar isso vai liberar energia que vai trazer paz ao mundo. Mas nos filmes ele é um gênio.



ÉPOCA – O senhor também já tentou resgatar reputações como a de Lênin e Robespierre. Por que defender figuras tão controversas? 


Zizek – Eu disse claramente: Lênin está morto, o comunismo do século XX é passado, foi um fracasso. Eu apenas tentei entender a tragédia do comunismo. Uma imensa onda de liberdade e emancipação explodiu e terminou como um terror impensável. Estamos cientes do que a revolução de outubro trouxe em termos de emancipação, de liberdade. Falo da revolução em si. O que veio depois, veio depois. Eu não aceito a forma como algumas figuras são pintadas.



ÉPOCA – O que acha de Bin Laden? 


Zizek – Lênin, Bin Laden, onde você vê conexão? É o oposto. Como Bin Laden veio? Bin Laden era como um agente da CIA. Os Estados Unidos criaram Bin Laden. O Afeganistão era o mais tolerante dos países do Oriente Médio. Tinha uma tradição de tolerância religiosa. Havia muçulmanos, budistas, inclusive visitavam uns aos outros. Para lutar contra os comunistas, os Estados Unidos se uniram aos fundamentalistas. Olhe para os Estados Unidos. O sistema deles gerou o fundamentalismo.