quinta-feira, 30 de junho de 2011

A BELEZA DA FAUNA DAS ILHAS FARNE, UM DOS MAIORES SANTUÁRIOS DA VIDA MARINHA NO MAR DO NORTE








Daniel Bramatti, de O Estado de S.Paulo


Depois de aplicar reiteradas multas a madeireiras de Nova Ipixuna 
 –  cidade do sudeste do Pará em cuja zona rural foram 
assassinados os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, 
Maria do Espírito Santo  –, o Ibama tomou uma atitude drástica: 
determinou o fechamento definitivo de 12 empresas ao apreender 
todas as máquinas e desmontar suas instalações.
A operação de desmonte  –  planejada desde o final maio, mas adiada 
por problemas de infraestrutura e de segurança  –  começou nesta
 quinta-feira e foi acompanhada por homens do Exército, da 
Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal, além da 
Polícia Ambiental do Pará e da Polícia Rodoviária Federal.
José Cláudio e a mulher haviam denunciado a participação de serrarias 
de Nova Ipixuna na retirada ilegal de madeira do assentamento extrativista
 em que viviam. As denúncias levaram fiscais do Ibama a multar e 
embargar empresas da cidade.
Após o assassinato do casal, a fiscalização foi intensificada 
 –  agentes foram deslocados de outras áreas, onde o ritmo do 
desmatamento é maior, e se concentraram na região de Nova Ipixuna. 
“É preciso dar uma demonstração de que crimes como esses não ficarão
 sem resposta”, disse ao Estado, na época, o coordenador da operação 
do Ibama, Marco Vidal.
Desde o final de maio, os fiscais aplicaram R$ 3,3 milhões em multas e 
apreenderam 770 metros cúbicos de madeira em tora e 630 do produto 
serrado. Além disso, máquinas e caminhões foram recolhidos e colocados 
sob a guarda de órgãos públicos da região. Também foram destruídos 
dezenas de fornos clandestinos para a produção de carvão.
No início de junho, moradores de Nova Ipixuna bloquearam a estrada
 que passa pela cidade em protesto contra a fiscalização  –  as madeireiras
 são umas das poucas empregadoras na região, juntamente com as fábricas 
de tijolos.
Mas era uma atividade cujo combustível era o desmatamento das poucas
 áreas ainda preservadas no sudeste do Pará. Entre 2006 e 2010, as empresas
 de Nova Ipixuna foram alvo de nada menos que 122 autos de infração, que 
somaram R$ 5,1 milhões em multas por venda e depósito de madeira 
ilegal, falta de licença ambiental e até corte e comercialização de castanheiras, 
espécie protegida por lei.
O assassinato de José Cláudio e Maria, ocorrido há mais de um mês, não foi 
esclarecido, apesar das operações especiais de investigação da Polícia 
Federal e da Polícia Civil paraense. A operação do Ibama prossegue
 na região, por tempo indeterminado.
As empresas desativadas são: Madeireira Bom Futuro, MP Torres e 
Cia Ltda, Madeireira Belmonte, Tedesco Madeira, Madeireira Eunápolis, 
Serraria Tico Tico, Sandra Coelho Santos Madeireira Ltda, 
Paulo Mendes Souza e Cia Ltda, Manoel Acácio Carneiro ME, 
PH Laminados e Compensados Ltda, Gilmar Rodrigues Silva ME e NS Filofo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

SÉRGIO CABRAL DÁ BOLO EM CERIMÔNIA DE POSSE DO NOVO REITOR DA UENF E ALEXANDRE CARDOSO DÁ POSSE AO EX-REITOR ALMY JUNIOR NA PRESIDÊNCIA DA FENORTE



O governador Sérgio Cabral exigiu a mudança da data e do horário da posse do novo reitor da UENF aparentemente por puro capricho. É que ao final de tudo, ele acabou não comparecendo ao campus Leonel Brizola na cidade de Campos dos Goytacazes. A razão mais provável para este bolo vergonhoso foi o medo de ter que se confrontar com bombeiros, professores da rede estadual em greve, pequenos proprietários desapropriados para atender as necessidades do seu amigo Eike Batista, e os estudantes da UENF.  Mas se para Sérgio Cabral, este imbróglio todo não aumenta nem diminui a crise política em que está metido desde a queda do helicóptero no sul da Bahia, a UENF saiu diminuída com tamanha demonstração de subserviência aos caprichos de um governador que luta para se manter no cargo.

Mas coisa pior reservou aos presentes na cerimônia de posse, o secretário Alexandre Cardoso ao anunciar de bate pronto que o ex-reitor Almy Junior será o novo presidente da Fundação Estadual do Norte Fluminense (FENORTE), cuja existência só serve na prática para atender a distribuição de favores junto a prefeituras e políticos em geral.   Ao fazer isto o secretário Alexandre Cardoso foi totalmente descortês com o vereador Marcos Bacellar, um dos poucos aliados que o governador Sérgio Cabral ainda possui na região norte fluminense, pois removeu da presidência da FENORTE, o advogado Rodrigo Bacellar, que vem a ser filho do vereador. O secretário Alexandre Cardoso talvez venha a lamentar ter cometido esta descortesia pública à família Bacellar. É como diz aquele velho ditado: quem viver verá.

Já o agora ex-reitor da UENF, Almy Junior, teve que se contentar com um cargo de menor expressão porque seus vôos preferidos seriam mais para o lado da cidade do Rio de Janeiro, dentro da própria Secretaria de Ciência e Tecnologia ou, quiçá, dentro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro (FAPEJ).  Ao ficar com um cargo tão próximo de seu melancólico legado à frente da reitoria da UENF, Almy Junior, talvez tenha um início auspicioso à frente da FENORTE. Mas como outros docentes que foram ocupar cargos de direção dentro da ex-mantenedora da UENF, Almy Junior talvez venha a descobrir que a melhor opção teria sido mesmo voltar para a quietude de seu laboratório de pesquisa. Mas mais uma vez se aplica o velho ditado: quem viver, verá.

Finalmente, o sempre loquaz deputado Roberto Henriques, padrinho político do ex-reitor Almy Junior, talvez venha a lamentar ainda mais ter feito a aposta que fez. Mas no caso de Henriques, o máximo de ruim que poderá lhe acontecer é voltar a ter que discursar para uns gatos pingados em cima de um caixote de madeira. Mas como ele não é conhecido por se intimidar com público pequeno, voltar ao calçadão no centro de Campos talvez até soe com uma benção divina. Afinal, ali os ouvintes costumam perdoar quase tudo que ouvem. Já a comunidade acadêmica normalmente não é assim, digamos, tão piedosa.  Entretanto, como suas declarações à imprensa de Campos indicam, Henriques não foi forçado a apadrinhar ninguém, e deverá saber receber os eventuais custos com a devida resignação.

Remessa de lucro para o exterior sobe 24,8% nos cinco primeiros meses de 2011

29/06/2011- INFORMA CUT nacional

Projeção do BC para o ano é de colossais US$ 78 bilhões - 3,5% do PIB

por: Carlos Lopes/HP




Um quadro da economia nos primeiros cinco meses do ano parece, ao homem comum (que não teve o cérebro lavado com os despejos da oligarquia financeira), com o som de sirenes aos passageiros de um navio.

1) Segundo o balanço de pagamentos, divulgado na segunda-feira pelo BC, as remessas totais para o exterior (sobretudo de lucros das filiais de multinacionais, embora não apenas), nos cinco primeiros meses, aumentaram de US$ 25,6 bilhões (2010) para US$ 32 bilhões – um aumento de 24,8%. A projeção do BC são colossais US$ 78 bilhões (3,5% do PIB) até dezembro. Porém, mantido o ritmo atual, elas iriam para mais de US$ 87 bilhões (3,9% do PIB).

2) As importações aumentaram de US$ 66,5 bilhões (2010) para US$ 86 bilhões nesses cinco meses - um aumento de 30%. É quase um trabalho de jegue (ou de Sísifo, para os aficionados à mitologia) que tenhamos exportado US$ 96,6 bilhões para obter um saldo comercial de apenas US$ 8,5 bilhões. Com o câmbio viciado a favor do dólar, continuou a invasão das importações. O BC, que quer deixar o câmbio – uma consequência dos juros altos – como está, projeta, até o final do ano, um saldo de apenas US$ 15 bilhões, se exportarmos US$ 221,2 bilhões.

3) Os bancos e outras companhias, com a diferença de juros em relação ao exterior, aumentaram a dívida externa – com os “empréstimos intercompanhias”, ela atingiu US$ 389.438.623.098 em maio. Nada menos do que 84,8% dessa dívida é em dólar. A parte governamental é US$ 102,9 bilhões. Nem vamos falar do que pode acontecer com um aumento de juros nos EUA, porque não queremos passar pelo que um prócer da ditadura chamava de “cassandras agourentas” (o sujeito esqueceu-se que, em Troia, Cassandra estava com a razão).

Mas jamais existiu situação em que, depois de endividar os países da periferia, os bancos dos EUA não aumentassem os juros. Naturalmente, essa dívida é muito menor que a interna (R$ 1,75 trilhão, ao todo R$ 2,45 trilhões, se contarmos os “títulos em poder do BC”, utilizados nas “operações compromissadas” com os bancos). Porém, boa parte, talvez a maior parte da dívida interna é, a rigor, externa – ou seja, com bancos e especuladores estrangeiros.

4) Com o resultado de maio, o déficit externo (nas transações correntes ou em conta-corrente – a conta de curto prazo entre remessas e o que entrou, antes de tudo, pelo comércio exterior) foi para US$ 22 bilhões. A projeção do BC é um aumento de US$ 47,5 bilhões (2010) para US$ 60 bilhões este ano. Esse número é um motivo de alarme, pois representa, literalmente, a insustentabilidade – devido às remessas e às importações - das contas externas. Como, então, o sr. Mantega e a diretoria do BC permanecem tão tranquilos diante de um desastre total e consumado? 

Essa projeção de um déficit de US$ 60 bilhões é uma hipótese que considera exportações de US$ 221,2 bilhões. Depois de vender no exterior, numa conjuntura de crise externa, o equivalente a quase 10% do PIB, teríamos um rombo de 2,6% desse mesmo PIB. Ou, mais exatamente: para ter um buraco de 2,6% do PIB, teríamos de vender, em meio ao afundamento dos países centrais, 10% do PIB no comércio exterior.

Como as autoridades econômicas podem achar que essa situação não demanda medidas urgentes – a substituição das importações pela produção nacional, o fim do subsídio cambial (a hipervalorização do real, como consequência da invasão de dólares atraídos pelos juros de pesadelo) a essas importações, a queda imediata dos juros, o estímulo à produção voltada para o mercado interno através dos investimentos públicos, etc.?

A resposta a esta pergunta é desagradável para quem, como nós, apoia o atual governo, mas, por isso mesmo, se queremos que a presidente Dilma seja bem sucedida, temos que ajudá-la, ao invés de enganar a nós mesmos: as autoridades econômicas acham que vender o país, e não apenas a sua produção no exterior, é a solução.

Está na apresentação do Relatório de Inflação do BC:“para 2011, o crescimento do DCC [déficit em conta-corrente]continuará a ser financiado essencialmente por investimento direto estrangeiro” e nas declarações do sr. Mantega de que o “investimento direto” (a compra de empresas nacionais por empresas estrangeiras) nos “financiará” - como, desde 2006, ele afirmava que o “investimento direto estrangeiro” era a mola do crescimento, sem base alguma na realidade para confirmá-lo, muito ao contrário.

Para quem é suficientemente tolo para achar que vender o país é solução para o país (e não para os compradores), quando as remessas e importações aumentam, basta vender mais uma parte. Com isso, o estoque de “investimento direto estrangeiro” já estava, ao fim do ano passado, em US$ 400 bilhões. Sem que nenhum problema tenha se resolvido por isso – e vários tenham se agravado.

Infelizmente, como mostram as dificuldades na área do etanol, essa política é suicida - já havia assim se mostrado ao tempo da dupla Gustavo Franco/Fernando Henrique.

O motivo é que o “financiamento” do rombo externo com a venda do país tem como consequência, precisamente, o aumento das remessas para o exterior e das importações – isto é, o aumento do rombo externo. Cada empresa desnacionalizada é uma empresa que passa a remeter dólares e a aumentar importações de componentes (os “bens intermediários”, maior parcela dos importados), aproveitando-se de um câmbio manipulado para favorecer, entre outras coisas, as importações e as remessas.

Portanto, essa solução é um pouco pior que a do Barão de Münchausen para sair do atoleiro, puxando a si próprio pelos cabelos. Münchausen não teve a ideia de afundar-se mais no atoleiro para sair dele. Deixou essa inovação para o sr. Mantega.

Nos deteremos rapidamente no fato da atual vaga de “investimento direto estrangeiro” ser uma fraude, visível a olho nu, que todos comentam abertamente, sem que a Fazenda ou o BC tomem providência alguma: nesse frenesi especulativo, as entradas de capital especulativo (“investimentos estrangeiros em carteira”), nos cinco primeiros meses, caiu de US$ 20,2 bilhões (2010) para US$ 12,1 bilhões (2011) e o “investimento direto” subiu de US$ 11,5 bilhões (2010) para US$ 26,9 bilhões (2011).

É óbvio que essa inversão significa que o IOF do sr. Mantega está sendo trapaceado pelo registro de capital meramente especulativo como se fosse “investimento direto”. A seriedade da medida de Mantega é tanta que ele não se importa com isso. Afinal, é tudo encenação... Enquanto isso, o estoque total de capital especulativo estrangeiro dentro do país, em março, já estava em US$ 608 bilhões (v. levantamento do “economista-senior” da Nomura Securities, Valor Econômico, 16/03/2011).

Um amigo, aqui na redação do HP, costuma dizer que o problema do Brasil é o excesso de dinheiro.

Com efeito, depois de ouvir por décadas a idiotice de que o Brasil tem “baixa poupança interna”, portanto é imprescindível o capital externo, chegamos à situação em que o país paga ao capital externo para ser pilhado.

No ano passado, 10% do valor desembolsado pelo BNDES foi para as multinacionais automobilísticas (v. Monitor Mercantil, 09/06/2011). Somente em juros, nos últimos 12 meses, o governo pagou R$ 195 bilhões aos bancos, devido a uma taxa que o próprio governo pode determinar, através do BC. Permitiu-se o envio de US$ 80 bilhões para fora. Em cinco meses, pagamos (não há dúvida de onde sai esse dinheiro) US$ 86 bilhões por mercadorias importadas que poderíamos fabricar aqui.

No estudo da Nomura Securities existe outro número interessante: o estoque total de “investimento estrangeiro” no país, sob suas várias formas, era, em março, US$ 1,205 trilhão, sobre os quais o Brasil pagava um retorno de 16,5% ao ano.

Realmente, riqueza é o que não falta ao país. Nem ladrões de outras plagas - e equipes econômicas absolutamente acapachadas.

terça-feira, 28 de junho de 2011

NOVO PACOTE DE AUSTERIDADE É CONFRONTADO COM FORTES MANIFESTAÇÕES NA GRÉCIA



O dia de hoje foi palco de sérios enfrentamentos entre manifestantes e policiais gregos na frente do congresso nacional em Atenas. Ali estão sendo analisadas uma série de propostas impostas pela União Européia como condição para a renovação dos empréstimos que estão impedindo o calote da Grécia em relação aos bancos da França e da Alemanha.

A intensidade das manifestações está causando tensões do parlamento grego e até deputados do Partido Socialista que governa a Grécia neste momento estão se recusando a aprovar as mais novas medidas de austeridade fiscal que deverão significar sacrifícios ainda maiores para a classe operária grega.




Greves contra arrocho nas pensões vão sacudir o império britânico


27/6/2011 12:54,  Por Redação, com BBC - de Londres


greve
Há funcionários públicos ingleses que ainda trabalham nos vários pontos do império britânico e devem entrar em greve
Professores e servidores públicos britânicos devem entrar em greve nesta semana, apesar de novas negociações nesta segunda-feira entre o governo e sindicatos sobre reformas no sistema de pensões do setor público. A grevefechará escolas e escritórios do governo e pode levar ao fechamento de portos e aeroportos. O movimento pode ser só um aperitivo de greves mais amplas esperadas ainda para este ano.
O governo condenou os planos, previstos para quinta-feira, para que 750 mil pessoas cruzem os braços, o correspondente a um em cada oito funcionários do setor público. O governo liderado pelos conservadores enfrenta um desafio familiar a outros países europeus: como continuar a dar apoio a uma população que envelhece num momento em que o governo tenta reduzir gastos.
– Um equilíbrio sensível entre a vida passada trabalhando e a vida passada na aposentadoria faz sentido e torna essas pensões sustentáveis – disse o ministro do Gabinete, Francis Maude, à agência britânica de notícias BBC.
A proposta de reforma é baseada em uma revisão feita por um ex-ministro do antigo governo trabalhista, de oposição. Sob essa reforma, as pensões baseadas nos salários finais seriam substituídas por uma baseada nos ganhos obtidos ao longo de toda uma carreira. Os trabalhadores contribuiriam mais para sua pensão e a idade para aposentadoria aumentaria.
O sindicalismo perdeu força na Grã-Bretanha ao longo da década de 1980, mas o setor público continua sendo um bastião dos sindicatos. Servidores públicos já sofrem um congelamento salarial e a perda de mais de 300 mil postos de trabalho num momento em que o governo busca cortar gastos. Para alguns dos sindicatos, a reforma no sistema de pensões é a gota d’água que fará o copo transbordar para a greve.

A MONOCULTURA DA CANA: ONDE HÁ FUMAÇA TEM FOGO


A grita promovida pelo setor sucro-alcooleiro do município de Campos em prol da manutenção do direito de continuar queimando os campos de cana para depois realizar a colheita possui vários méritos. Uma é demonstrar a força que as oligarquias rurais ainda possuem no Brasil e, por extensão, no estado do Rio de Janeiro. Só esta força pode explicar a velocidade com que foi aprovada uma lei estadual que é uma verdadeira autorização para a continuidade de práticas anti-ecológicas que não só agridem e degradam o meio ambiente, mas também causam incalculáveis custos à saúde coletiva. E olha que ainda não estamos levando em conta os graves trabalhistas que continuam existindo nas poucas usinas em funcionamento, e que tem servido para colocar o município de Campos dos Goytacazes com grande proeminência no mapa do trabalho escravo no Brasil.

Mas o que me causa espécie é a subida neste bonde de sindicatos de trabalhadores rurais e da própria Federação dos Trabalhadores da Agricultura do estado do Rio de Janeiro. Que os usineiros e seus companheiros de classe queiram a continuidade do status quo ainda vá lá. Mas que os que se dizem representantes dos trabalhadores apoiarem esta situação é vergonhoso. Talvez seja por isto que há tanto tempo os trabalhadores da cana tenham que contar com suas próprias mãos e com o Comitê pela Erradicação do Trabalho Escravo do Norte Fluminense para conseguir que seus direitos mínimos sejam garantidos após cada ciclo de produção.

Eu me arrisco a dizer que o setor sucro-alcooleiro de Campos talvez não dure o tempo que a ALERJ lhe concedeu para continuar poluindo e degradando. Todas as análises feitas pelo sindicato nacional das usinas indica que a fronteira do álcool e do açúcar agora está se dirigindo para o centro do oeste do Brasil. Ali estão sendo instaladas usinas ultra-modernas e prevalece o corte por máquinas. Além disso, a produção do centro oeste, principalmente de Goiás e Mato Grosso está sob firme controle de multinacionais, o que indica o perfil que este setor terá nas próximas décadas. Mas o problema é que se não houver a devida reação, as poucas usinas que sobraram vão continuar poluindo, degradando e, de quebra, realizando práticas trabalhistas extremamente duvidosas, para não dizer outra coisa.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

RICARDO NOBLAT PERGUNTA, SERÁ QUE SÉRGIO CABRAL VAI RESPONDER?


A imagem abaixo mostra a coluna do jornalista Ricardo Noblat e que foi publicada pelo jornal O GLOBO nesta 2a. feira (27/06). Noblat aproveitou do seu espaço para fazer uma série de perguntas que a maioria da população do Rio de Janeiro gostaria de poder fazer e não consegue.

Agora vamos ver como reage o governador Sérgio Cabral. Se quem perguntasse fosse médico, professor ou bombeiro, a reação seria chamar de vagabundo, covarde, irresponsável e baderneiro. Mas como foi o Ricardo Noblat quem perguntou, a saída talvez seja ligar para os donos do O GLOBO e pedir a cabeça do jornalista numa baixela de prata, preferencialmente uma que tenha sido adquirida em Paris que é a cidade que Cabral mais adora visitar, enquanto temos que ficar em território fluminense convivendo com as consequencias nefastas do seu desgoverno.


REITORIA DA UENF ANTECiPA POSSE DE NOVO REITOR PARA VIABILIZAR A PRESENÇA DE SÉRGIO CABRAL NA CERIMÔNIA



A reitoria da  UENF acaba de divulgar a nota abaixo, dando conta da antecipação da posse do novo reitor, Silvério Freitas, para as 15 horas desta 4a. feira no Centro de Convenções da UENF. O motivo alegado seria a necessidade do governador Sérgio Cabral estar em Brasília na 5a. feira, data original da posse do novo reitor, para tratar de "assuntos vitais" para o Rio de Janeiro.

Do jeito, que andam as coisas Cabral deve estar mesmo indo a Brasília para pedir socorro à presidente Dilma por causa do tiroteio político que se instalou em sua administração após as revelações que se seguiram à queda do avião que levava a namorada de seu filho para um resort de luxo na região de Porto Seguro no sul da Bahia.

De quebra, com esta antecipação Sérgio Cabral pode estar querendo se livrar de manifestações desagradáveis que poderão ser promovidas por bombeiros, professores da rede estadual e pequenos proprietários do 5o. Distrito de São João da Barra. Afinal, o governador do Rio de Janeiro já estar saturando de tanta publicidade negativa!

Vejamos então a nota oficial da reitoria da UENF



Antecipação da posse do reitor - Nota da Reitoria


A Reitoria comunica a antecipação da posse do Reitor da UENF para o dia 29/06/2011, quarta-feira, às 14 horas, no Centro de Convenções. A mudança do dia 30 para 29/06 se deve a uma alteração de urgência na agenda do Governador Sérgio Cabral diante da discussão, em Brasília, de assuntos vitais para o Estado do Rio de Janeiro.

Fundador do Pink Floyd publica carta em defesa da Palestina.

O músico Roger Waters, fundador do Pink Floyd, acaba de publicizar uma carta de apoio à causa Palestina. Waters defende que artistas façam um bloqueio cultural à Israel enquanto for mantido o muro de segregação entre os dois povos.

(Roger Waters: "não precisamos do controle de ideias")


Carta aberta à Palestina

Por Roger Waters (fundador do Pink Floyd)

Em 1980, uma canção que escrevi, “Another Brick in the Wall Part 2”, foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava a ser usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igual. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.

Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinianas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas estavam a cantar.

Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para actuar em Telavive.
Palestinos do movimento de boicote académico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já me tinha manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinos de um boicote pediram-me que visitasse o território palestiniano ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.

Sob a protecção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia ter-me preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinos, com os subproletários, com os portadores de autorizações. Soube então que a minha consciência não me permitiria afastar-me desse muro, do destino dos palestinos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controlo das ideias”.

Realizando nesse momento que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que eu estava a testemunhar, cancelei o meu concerto no estádio de futebol de Telavive e mudei-o para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintainhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.

Contra todas as expectativas, ele tornou-se no maior evento musical da curta história de Israel. 60.000 fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinianos que vivem em Israel.

Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais a faixa ocidental.

Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestino tem de ver oliveiras centenárias ser arrancadas. Significa que um estudante palestino não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestiniano não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.
Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas malnutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.

Na minha opinião, o controle repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinos de Gaza cercados e os palestinos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressar às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinos na sua resistência civil, não violenta.

Onde os governos se recusam a atuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, isto significou juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.

Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.

1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;
2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabo-palestinianos de Israel em plena igualdade; e
3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinianos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 da ONU.

A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é antisemita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.

Os artistas tiveram razão de recusar-se a atuar na estação de Sun City na África do Sul até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar atuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinianos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.

domingo, 26 de junho de 2011

PROFESSORES INGLESES REJEITAM PRESSÃO DO GOVERNO E DECIDEM FAZER GREVE EM DEFESA DE SUAS PENSÕES


O jornal "The Independent" informou hoje que, apesar da intensa pressão feita pelo governo, os professores deverão realizar uma greve nacional na próxima 5a. feira ( 30 de junho) em defesa de seus direitos e contra as propostas em discussão no congresso britânico de alterar as concessões de aposentadorias. Segundo Mary Bousted, dirigente da "Association of Teachers and Lecturers" que representa os professores em todo o Reino Unido, se o governo tiver sucesso nas suas políticas de diminuição de direitos, "não haverá mais honra para a profissão".

Segundo o "The Independent" apesar do governo inglês ter planos para uma série de retaliações contra os professores, há a preocupação de que uma eventual repressão acabe servindo para fortalecer o movimento dos professores, o que diminuiria as chances de que as reformas pretendidas tenham apoio popular.

Além disso, o fato de que professores e servidores das universidades deverão também paralisar suas atividades aumenta ainda mais a preocupação do governo conservador inglês, já que estes setores estão planejando uma série de greves para o segundo semestre de 2011. E para demonstrar a força que este movimento deverá ter, a expectativa é de que 250 mil professores deverão paralisar suas atividades no dia 30.




Um acidente aéreo e suas revelações inconvenientes acerca do governo Cabral

 

Marcos Pedlowski, artigo públicado no número 201 da revista Somos Assim



    Determinados incidentes acabam selando futuros políticos, pois revelam aspectos das pessoas envolvidas que normalmente permaneceriam sob o espesso véu do segredo.  Um exemplo foi o acidente de carro que envolveu o já falecido senador democrata Edward (Ted) Kennedy em Julho de 1969 na Ilha de Chappaquiddick. Ali Ted Kennedy teve um comportamento que, se não acabou com sua carreira política como um todo, o tirou da trilha de seus irmãos John e Robert, que aos olhos da maioria eram incapazes de agir de forma covarde frente a fatos para os quais teriam de ter explicações plausíveis. Para quem não se lembra deste evento, Ted Kennedy fugiu do local do acidente onde morreu uma jovem acompanhante, aparecendo só no próximo dia para apresentações versões do acidente que não foram totalmente convincentes, o que fez que seus adversários sempre se lembrassem de Chappaquiddick toda vez que o Partido Democrata pensasse nele com um candidato presidencial. Em suma, um acidente de carro selou o destino político de alguém que tinha tudo para ser o presidente dos EUA.


    Mais de quatro décadas depois, num local distante, eis que outro político é apanhando nas redes do destino devido a um acidente, só que desta vez o veículo foi um helicóptero. Esse político, o governador Sérgio Cabral, teve o infortúnio de ter seu final de semana interrompido pela queda da aeronave que transportava, entre outras pessoas, a namorada de um de seus filhos. Afora o drama pessoal das famílias que tiveram entes queridos mortos na queda da aeronave pilotada pelo proprietário de um resort de luxo na costa sul da Bahia, o que vemos diante de nós explicitado é algo muito maior. Afinal de contas, se não fosse pela queda quem saberia, se não fosse pelo Portal de Notícias Terra, que Sérgio Cabral estava num resort de luxo localizado no sul da Bahia passando um final de semana com sua família e seu primeiro escalão dentro do governo estadual.  


     Para aumentar ainda o desconforto político, as notícias que lentamente foram sendo divulgadas deram conta que na mesma aeronave estava parte da família do empresário Fernando Cavendish cuja empresa, a Construtora Delta, é uma das principais beneficiárias das licitações realizadas pelo atual governo, e que também se encontrava no resort passando o final de semana. Esta revelação, no mínimo, levanta graves questões sobre o grau de imbricação entre interesses públicos e privados na atual administração estadual.  Ainda que não haja nada de ilegal na proximidade pessoal entre governantes e empresários que possuam contratos vigentes, isto não deixa de ser questionável do ponto de vista ético e moral.  Afinal de contas, quem garante que em meio ao luxo de um resort não estariam sendo discutidos privadamente assuntos de interesse público?


      Entretanto, os efeitos colaterais da queda do helicóptero não se resumiram ao governador. Em seu micro-blog no Twitter, o jornalista Jorge Bastos Moreno informou que o vice-governador Luiz Fernando Pezão teve que retornar da Itália, onde se encontrava em início de férias, para auxiliar Sérgio Cabral no momento de dificuldade desencadeado pela queda do helicóptero em Porto Seguro. Apesar de esta informação ter sido dada até de maneira despretensiosa por Bastos Moreno, a revelação que a mesma trazia é muita séria para a governabilidade do Rio de Janeiro.  Afinal, se o governador estava descansando na Bahia e seu vice estava na Itália, quem tomava conta do executivo estadual desde a noite anterior ao acidente? Como se desconhece qualquer nomeação do deputado Paulo Melo (PMDB), presidente da Assembléia Legislativa, para governar o nosso estado na ausência de Cabral e Pezão, a resposta parece ser ninguém. E se realmente ninguém estava no comando de executivo estadual, isto certamente acarretará em questionamentos sobre a legalidade de atos eventualmente realizados pelo governo durante a ausência de Cabral e Pezão. 


     O pior é que o atual momento desaconselharia qualquer tipo de escorregadela política, dada a crise que assola o governo em função do tratamento truculento que vem sendo aplicado às reivindicações salariais de importantes setores do funcionalismo estadual. Apesar dos defensores de Sérgio Cabral poderem argumentar que uma coisa nada tem a ver com a outra, não deixa de ser constrangedor ter, por um lado, 439 bombeiros presos por reivindicarem melhores salários e, por outro, descobrir que o governador estava descansando num resort de luxo na companhia de um empreiteiro com grande número de contratos públicos sob sua administração.


       Em que pese a possibilidade de que a mídia tradicional venha a jogar um papel de bombeiro no incêndio político criado por essa situação, isto não deverá significar que Sérgio Cabral sairá dela sem ser politicamente chamuscado. Para começo de conversa, este assunto deverá merecer amplo tratamento nas redes sociais.  Mas quem deverá manter o foco sobre este assunto são as representações sindicais de professores e bombeiros, que não perderão esta chance de cobrar mais transparência do atual governo. Dependendo da intensidade da pressão sindical, talvez ainda sejamos beneficiados com mais revelações sobre o tipo de relações perigosas que vieram a público devido à queda de um helicóptero.