sábado, 23 de julho de 2011

NÃO BASTASSEM OS VERDADEIROS, O BRASIL AGORA ESTÁ INUNDADO COM AGROTÓXICOS FALSIFICADOS


A notícia abaixo publicada no jornal VALOR ECONÔMICO dá conta de um grave problema na agricultura brasileira movida pelos princípios da Revolução Verde: a venda de agrotóxicos falsificados. O pior é que com o aumento dos custos de produção causados pela entrada de sementes geneticamente modificadas e pela alta do custo dos combustíveis, a propensão dos agricultores a utilizarem o mercado ilegal de agrotóxicos certamente aumentará.

 Como os órgãos responsáveis pela observação da legislação relativa ao comércio e uso de agrotóxicos estão sempre sobrecarregados, os problemas sobre a saúde humana e os ecossistemas naturais também tenderão a aumentar.



Forte aumento na falsificação de agrotóxicos
VALOR ECONÔMICO, 28/06/2011
Fernando Lopes
A falsificação superou o contrabando e tornou-se a principal preocupação das empresas de defensivos que atuam no país no que se refere à proliferação de produtos ilegais no mercado.
Levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) mostra que as apreensões de agrotóxicos ilegais somarão praticamente 20 mil toneladas no primeiro semestre deste ano, 52% mais que em igual intervalo de 2010.
Segundo Fernando Henrique Marini, gerente do Sindag, as falsificações representaram metade das apreensões, sendo que quando esse tipo de crime começou a ganhar força no Brasil, há cerca de dez anos, o percentual não passava de 5% e o contrabando dominava.
“No caso do contrabando, indústria e autoridades uniram esforços desde meados da década passada, fiscalização e inteligência melhoraram e o problema diminuiu. Temos que fazer um trabalho semelhante para coibir a falsificação, que em geral é realizada no próprio país e segue outra lógica”, afirma Marini.
No caso dos produtos contrabandeados, as fronteiras de Paraná e Mato Grosso do Sul com o Paraguai continuam as principais portas de entrada, mas aumentou o movimento no Rio Grande do Sul. “Quando a fiscalização aperta, normalmente há uma mudança de rota”, observa o executivo.
E é em parte por causa disso que as falsificações têm aumentado. Para regiões de plantio de grãos e algodão em Mato Grosso e no Cerrado de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia não há muitos roteiros alternativos e o transporte aéreo encarece as cargas ilegais, incentivando a mudança da prática criminosa.
Cálculos da Croplife International estimam que a indústria brasileira perde 9% de seu faturamento por causa dos produtos ilegais, contrabandeados ou falsificados. De acordo com a entidade, são cerca de US$ 660 milhões por ano em perdas.
Neste primeiro semestre, graças ao avanço das falsificações, Mato Grosso lidera o ranking de apreensões, com quase 7,9 mil toneladas. O Paraná vem em segundo lugar, de acordo com o Sindag, com mais de 7,2 mil toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul, com cerca de 2,6 mil.
“Além da fiscalização integrada [com participação da Polícia Federal], a campanha de estímulo às compras em canais seguros continua. E ela é fundamental, já que hoje em dia é possível encontrar e comprar produtos ilegais até pela internet”, conclui Marini.