quinta-feira, 14 de junho de 2012

Saiba porque os agricultores do Açu estão sendo expulsos

Por Roberto Moraes


R$ 150 milhões anuais de aluguel para 4 empresas no Açu

O anúncio do aluguel feito na última semana pela LLX de uma área que será ocupada pela conhecida empresa Subsea7, a quarta empresa do setor de apoio às atividades offshre que decidiu se instalar junto ao terminal on-shore TX-2, no Complexo Logístico-industrial do Porto do Açu, acendeu no blog, uma curiosidade sobre o valor destas áreas alugadas, numa área até agora de 730 mil m², de um total de área disponível para este fim de 2 milhões de m².

As outras empresas que decidiram se instalar são a Intermmor em uma área 52,3 mil m², a NKT Flexibles, numa área de 121 mil m² e Technip, em área de 289 mil m². Somando as quatro áreas se tem aproximadamente 730 mil m² alugados ao valor de R$ 6/m²/mês. No ano o valor é de 72 por m².

Assim, com uma área disponível de 2 milhões para esta finalidade (ver mapa ao lado) é possível estimar uma receita anual de R$ 144 milhões. Como todos os contratos estão sendo feitos num prazo de 10 anos, é possível estimar um valor total de cerca de R$ 1,5 bi.

Se levarmos em conta o valor a ser pago também pelas siderúrgicas para uso do terreno é possível supor em 10 anos receita superior a R$ 5 bilhões.

Assim, vê-se que a incorporação imobiliária, fora o projeto da Cidade X, se transformou, num dos mais importantes itens de faturamento, superior até a algumas atividades industriais e de logística que arrastam estas demais atividades projetadas para o Complexo do Açu.

Desta forma, se compreende como o uso do solo e a apropriação do território é um item importante nas estratégias de acumulação de capital do grupo EBX e o porquê das pressões e até truculência nos processos de desapropriação já vistos naquela região e amplamente divulgadas.

De outro lado, não se pode esquecer que o valor médio de terra pago como desapropriação aos pequenos produtores rurais foi (ou será ainda, porque a maioria deles ainda não recebeu, é de R$ 90 mil por alqueire, o que dá a quantia de R$ 1,90/m2 – considerando o alqueire com 48 mil metros quadrados).

Assim, vê-se a discrepância entre a compra por R$ 1,90 por m² e o valor do aluguel mensal de R$ 6 por m², mesmo considerando as chamadas benfeitorias que foram negociadas para a área do DISJB.

Esta é mais uma reflexão que o blog faz abertamente sobre o processo de implantação do Complexo do Açu e para a qual solicita a opinião de todos que acompanham o assunto, assim como a Codin e o próprio grupo EBX.

Fonte: Blog do professor Roberto Moraes, do IFF Campos dos Goytacazes