quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Milho transgênico da Monsanto pode ser proibido na Europa

Os ratos alimentados com organismos geneticamente modificados (OGM) morrem antes e sofrem de câncer com mais frequência.
RFI

Autoridades francesas das áreas da Saúde e da Agricultura podem pedir em breve a suspensão da importação da semente do milho transgênico fabricado pelo grupo americano Monsanto. A decisão foi anunciada após a publicação de uma pesquisa da Universidade de Caen revelando que ratos de laboratório alimentados com o milho transgênico NK603 desenvolveram câncer.

Os pesquisadores franceses da Universidade de Caen fizeram o estudo em 200 ratos, durante dois anos. Os ratos foram divididos em três grupos: o primeiro foi alimentado com o milho transgênico NK 603; O segundo grupo, comeu milho transgênico adicionado com doses do herbicida round-up, também produzido pela Monsanto; e o terceiro grupo foi tratado com milho normal, mas com o round-up, que é o herbicida mais utilizado no mundo.

Os resultados, publicados na quarta-feira, mostram que tanto o milho transgênico quanto o fertilizante aumentam a taxa de mortalidade e a frequência de câncer é duas a três vezes maior que em outros animais que não consumiram os produtos. Gilles-Eric Séralini, professor de biologia molecular da Universidade de Caen e autor do estudo, diz que tanto os machos como as fêmeas foram atingidos, mas as patologias desenvolvidas foram típicas de cada sexo:

Ele explicou que as fêmeas desenvolveram principalmente tumores de mama e os machos tiveram insuficiência renal e hepática. O professor ressalta que todos os efeitos colaterais nos ratos não se desenvolvem automaticamente nos humanos. "Há diferenças em cada espécie, mas é certo que quando um alimento provoca doenças hepato-renais graves em um mamífero, as chances são grande que outro mamífero também seja afetado", alerta.

Os ratos do estudo francês começaram a apresentar os primeiros sinais de doença a partir do quarto mês. Atualmente, a regulamentação europeia exige estudos sanitários de apenas 3 meses para autorizar a venda dos transgênicos no bloco e professor Gilles-Eric Séralini pede a modificação imediata desta norma.

O governo francês pediu à Agência Nacional de Segurança Alimentar (Anses) para analisar os resultados do estudo da Universidade de Caen. O Alto Conselho de Biotecnologia e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar também foram acionados. Elas devem se pronunciar em três meses. Se a toxicidade do milho transgênico for comprovada, as autoridades vão pedir a suspensão da importação do produto na União Europeia.