quarta-feira, 3 de outubro de 2012

UM AR FÚNEBRE COBRE A PLANÍCIE: E SE O ALVO DA PRISÃO FOSSE A PREFEITA ROSINHA GAROTINHO, TERÍAMOS O QUE? MUITA FESTA E LOUVAS À PF!


Acabei de dar uma passada por blogs e sites jornalísticos do município de Campos dos Goytacazes e notei um inconfundível ar fúnebre mesclado com uma certa indignação mal disfarçada com o fato de que a Polícia Federal realizou as prisões da prefeita de São João da Barra e do ainda vereador e até ontem virtual vice-prefeito Alexandre Rosa.

Muitos dos muxoxos reclamam que as prisões ocorreram a apenas cinco dias das eleições. Ora, se as prisões estão ocorrendo por uma alegada tentativa de interferir no resultado das eleições, as prisões deveriam ter sido feitas quando? Na próxima segunda-feira?

Outros muxoxos vão na direção de que aqui em Campos também existiriam irregularidades, sem que a Polícia Federal tenha prendido ninguém. Ora, se existem os mesmos tipos de provas que as que foram entregues à Polícia Federal por candidatos que foram procurados em São João da Barra, as pessoas que as detém deveriam ir imediatamente na delegacia local da Polícia Federal para entregá-las ao delegado Paulo Cassiano Junior.  Ai se ele se negasse a apurar, eu até aceitaria que se fizessem ilações sobre o comportamento do delegado. Até que isso acontece, fica-se no plano do muxoxo.

Agora, o interessante disto tudo é que até hoje foram poucos aqueles que sequer tocaram na situação lamentável em que centenas de famílias de agricultores do V Distrito de São João da Barra foram colocadas pela trinca Carla Machado/Sérgio Cabral/Eike Batista.  Em relação a todas as violências e humilhações que foram cometidas contra pessoas humildes, eu não vi nada parecido com a comoção que hoje paira em relação às prisões realizadas pela PF.

A questão que se coloca é a seguinte: se a presa tivesse sido a senhora prefeita dona Rosinha Garotinho, alguém estaria alegando suspeição ou alegando que faltam apenas cinco dias para as eleições?  Posso estar sendo cínico, mas eu acho que não!

Finalmente, o que parece chave nessa questão é esse tipo de duplo padrão onde a justiça só deve ser aplicada aos adversários. Nisso gregos e troianos dessa contenda se pareçam mais do que gêmeos idênticos que vivem brigando para saber quem é o mais bonito. Ou bem as pessoas exigem que a moralidade pública seja algo exigido de todos os atores da vida pública ou ficamos todos condenados a viver nesta mixórdia que mistura cinismo e hipocrisia. A verdade é que enquanto o pau que bate em Chico não tiver que bater em Francisco, estaremos condenados ao tipo de situação vexaminosa que a Polícia Federal acaba de trazer à público. Simples assim.