domingo, 2 de dezembro de 2012

Fernando Henrique Cardoso, o crítico desmemoriado


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece estar oscilando entre melancolia e a revolta na sua atual fase de vida. Pelo menos é o que depreende não só do título de sua coluna deste domingo no Jornal O GLOBO (Aqui!), onde ele literalmente se corrói entre a revolta e a melancolia em face da aparente solidez do controle que o Lulismo, através de Dilma Rousseff, mantém da situação política e econômica brasileira.

Em seu artigo, a única fonte de luz nessa suposta longa noite em que estaríamos imersos é o judiciário que, segundo, FHC estaria cumprindo sua missão. Mas até aqui isto é compreensível em face das decisões tomadas pelo STF em relação ao julgamento do mensalão do PT. Restará saber o que FHC dirá se um décimo do que foi feito no mensalão do PT seja aplicado nos casos do mensalão do PSDB em Minas Gerais ou no do DEM no Distrito Federal.

Mas o que mais deveria irritar todos os que lerem este artigo e entenderem o argumento de FHC é que o ex-presidente seja tão omisso em relação à sua própria responsabilidade em tudo o que estamos vivenciando. FHC não toca na vergonhosa privatização de empresas públicas como a CSN e a Vale do Rio do Doce, ou da presença de seus familiares em conselhos das empresas privatizadas. Tampouco FHC lembra que manteve o seu genro no principal posto da Agência Nacional do Petróleo, e só o tirou de lá quando o rapaz decidiu terminar o casamento quando, então, foi sacado sem nenhum perdão. Aliás, por que será que FHC não fala do filho que teve com uma jornalista da Rede Globo que foi convenientemente mantida como correspondente estrangeira por vários anos?

Agora, essa é a cara da elite brasileira que FHC tão bem sintetiza. Quando as elites roubam é em nome do progresso. Já quando outros setores praticam coisa semelhante, isto se trata de uma ameaça à moral e aos bons costumes. Assim, mesmo que eu não tenha nenhum tipo de simpatia pelas políticas do governo Dilma ou do envolvimento do PT nas práticas que ficaram expostas com o chamado mensalão, não posso me juntar ao coro das viúvas de FHC.

A verdade é que FHC deveria estar sendo julgado pelos crimes cometidos contra o povo brasileiro durante seus dois mandatos. É que quando se olha os valores pelos quais as grandes estatais foram entregues ao controle estrangeiro, o montante do mensalão é equivalente a de um pirulito.