terça-feira, 19 de março de 2013

Conceição do Mato Dentro: agricultores acusam empresa (Anglo American) de poluir água dos rios


Se na área urbana os efeitos das obras da Anglo American estão por todo lado, na zona rural de Conceição do Mato Dentro as mudanças são ainda mais intensas. Oitenta famílias foram classificadas como atingidas pelo projeto e dessas 53 já foram reassentadas ou tiveram seus terrenos comprados pela empresa. Mas ainda há muita reclamação daqueles sitiantes, a maioria de pequenos agricultores, que vivem e cultivam a terra nas imediações do projeto.

A queixa mais repetida diz respeito à água. Nas reuniões mensais que Ministério Público e a Defensoria realizam desde abril com moradores e representantes da empresa, o tema é sempre presente.

"Eu usava essa água para tudo, para cozinhar, beber, pescar. Era água para a minha vida. O rio era clarinho, daqui você via os peixes nadando no fundo. Acabou tudo", diz José Adilson de Miranda Gonçalves, de 55 anos, mostrando a água barrenta do córrego Pereira, que banha seu sítio. Segundo ele, água para beber ele tira de uma mina do vizinho e comida vem ou do mercado na cidade ou de um trecho do rio distante de sua casa.

Culpa, segundo diz, da movimentação de máquinas do empreendimento da Anglo que despejam terra e mais terra no Pereira e em outros cursos d"água.

A 20 minutos dali, os moradores da comunidade da Água Quente também se mostram inconformados. Dizem que o córrego chega a ficar "vermelho e até borbulha por cima". "Quando eles começaram a mexer na terra, garantiram que a água ia continuar limpa. Para a gente a água virou mingau. Eles vêm aqui, olham e falam que está boa", diz o agricultor José Lucio Reis dos Santos, de 45 anos. Em Água Quente, a Anglo montou uma estrutura de poço artesiano e fossas sépticas. Mas os moradores dizem que nada se compara à água abundante e limpa que tinham antes do início do projeto.

O promotor não descarta outras medidas, mas tem usado as reuniões mensais para ajudar os moradores a se organizarem e tentarem resolver pendências com representantes da Anglo American e, quando isso não for possível, buscar soluções coletivas.