terça-feira, 19 de março de 2013

Os três números que realmente preocupam no balanço da MMX

Mineradora de Eike Batista vê dívida subir, enquanto o caixa patina, e o ebitda é negativo


Márcio Juliboni, de

Eike Batista, fundador da MMX: reforçar caixa da mineradora foi a saída para cumprir compromissos

São Paulo – Gestores calejados costumam dizer que uma empresa pode operar anos com prejuízo – e há muitos casos para provar -, mas nunca viram nenhuma trabalhar sem caixa. E há três números no balanço da MMX, a mineradora de Eike Batista, que são motivo de preocupação.

É verdade que o prejuízo líquido disparou 4.016% entre 2011 e 2012, saltando de 19,2 milhões de reais para 792,4 milhões, pressionado pela baixa contábil de 224 milhões de reais, referente à desistência da MMX de operar no Chile.

Mas os números que preocupam, mesmo, no balanço da MMX, são outros. O primeiro é que 42% da dívida da companhia é de curto prazo, ou seja, vai vencer neste ano. Essa fatia, no quarto trimestre de 2011, era de 29%. Agora, equivale a 1,3 bilhão de reais dos 3,1 bilhões da dívida financeira total.

Caixa fraco

Dívidas podem ter dois destinos: serem renegociadas ou pagas. E, para pagá-las, é preciso caixa. Aí, entra o segundo número preocupante do balanço da MMX: o caixa da mineradora, no final de dezembro, era de 488 milhões de reais, contando, nisso, 300 milhões de reais aportados por Eike, por meio de uma subscrição de ações.

Isso significa que a dívida que vence neste ano corresponde a 2,7 vezes o que a empresa mantinha em caixa no réveillon. É lógico que a empresa pode gerar mais caixa ao longo do ano, para cumprir seus compromissos – afinal, ela não vai parar de operar.

O problema é que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), um dos principais parâmetros para medir a geração de caixa de uma empresa, encerrou o ano com sinais negativos. O ebitda ficou negativo em 169,9 milhões de reais, ante os 163,9 milhões de reais positivos de 2011.

Mesmo o ebtida ajustado, que desconta efeitos não-recorrentes, mostrou uma queda de 70%, para 48,6 milhões de reais positivos. No relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a MMX justifica o recuo com a queda de receitas e o menor volume de minério de ferro vendido no ano passado – e por um preço menor, dada a crise mundial


Mãozinha dos acionistas

No mesmo relatório, a empresa destaca a confiança na recuperação do cenário mundial neste ano. Um dos indícios seria a recuperação do preço médio do minério que, depois de atingir sua mínima histórica em setembro (88,50 dólares por tonelada), fechou o ano em 144,50 dólares.

Mas a saída imediata encontrada pela MMX foi solicitar uma injeção de capital dos acionistas, por meio de uma operação de aporte de capital. Anunciada no início de dezembro, a medida injetou 1,3 bilhão de reais na companhia, por meio da subscrição de 348,9 milhões de ações ordinárias, a 3,92 reais por ação.

A operação teve seu último prazo de subscrição encerrado em 19 de fevereiro, e foi homologada em 11 de março pelo conselho de administração. Sem dúvida, foi um novo sopro para a MMX, mas os analistas e investidores esperam que uma das poucas empresas realmente operacionais de Eike comece a andar sozinha – e rapidamente.