domingo, 31 de março de 2013

Anglo American contrata mergulhadores para fazer buscas em porto no Amapá



SÃO PAULO - A Anglo American, empresa operadora do Porto de Santana, no Amapá, onde um píer flutuante desmoronou na madrugada de quinta-feira, vai contratar mergulhadores para auxiliar os bombeiros na busca de corpos das pessoas que desapareceram na hora do acidente. Três corpos foram encontrados, mas ainda há três desaparecidos.

O porta-voz dos bombeiros do Amapá, coronel Ademar Rodrigues, confirmou a contratação dos mergulhadores pela empresa e ressaltou a importância desse reforço nas buscas. "O rio Amazonas tem águas barrentas, que não possibilitam qualquer visibilidade no mergulho. E estão contratando mergulhadores profissionais, com equipamentos especiais para mergulhar mais fundo."

Ontem, os bombeiros chegaram a afirmar que um quarto corpo tinha sido localizado, mas a informação foi corrigida. Segundo a corporação, os moradores de Macapi acionaram as equipes dizendo que viram o corpo boiando, mas nada foi encontrado no local indicado.

O píer flutuante, caminhões, guindastes e parte da área administrativa da empresa foram levados pelo desmoronamento ocorrido na última quinta-feira e que deixou seis trabalhadores desaparecidos na região portuária da cidade.

Segundo a empresa, o acidente, que ocorreu por volta da 0h30, teria sido causado pela movimentação anormal de água no rio Amazonas - uma onda grande que atingiu a orla do rio, provocando o desabamento que acabou arrastando pessoas, instalações e equipamentos.

Já o diretor-presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Imap), Maurício de Souza, disse que estudos preliminares apontam que não há característica de uma onda para o acidente. "Precisamos levantar se houve uma ampliação da área aterrada", afirmou.

Portos de uma distribuidora de combustível e de passageiros também foram afetados pelo desmoronamento. Eles passam por vistoria da Marinha, que ainda não havia interditado a área.

Em nota, a Anglo American informou que está tomando as providências para atendimento e apoio às famílias dos funcionários desaparecidos.

O Imap notificou a mineradora na sexta-feira para apresentar uma perícia sobre as condições do porto, que passou por uma obra de terraplenagem.

(Folhapress)


O golpe de 1964: leituras obrigatórias do marxismo21



marxismo21 nesta página divulga um conjunto de materiais (artigos, documentos, trabalhos acadêmicos, vídeos, filmes etc.) que discute a natureza, o significado e as razões do golpe civil-militar de 1964. Passados quase 50 anos desse evento, nada há a comemorar. O blog – que numa futura edição deverá examinar o período da ditadura militar – busca contribuir para um conhecimento crítico da conjuntura político-social de 1964 e também para lembrar que as lutas pelo “direito à justiça” e pelo “direito à verdade” não podem ser relegadas ou subestimadas pelos democratas progressistas e socialistas no Brasil. Enquanto não for feita justiça às vítimas da violência do Estado e a verdade sobre o golpe e a ditadura militar não for conhecida pelo conjunto da sociedade, a democracia política no Brasil não será sólida e consistente.

Por último, somos gratos a Diorge Konrad, do conselho consultivo, que colaborou com a organização deste dossiê. Os editores.


Significado, natureza e polêmicas em torno do golpe

Versões e controvérsias sobre o golpe de 1964, Carlos Fico acesso
Governo Goulart e o golpe de 1964: memória e historiografia, Lucilia Neves Delgado acesso
O golpe militar de 1964, L.A. Moniz Bandeira acesso
O golpe contra as reformas e a democracia, Caio N. de Toledo acesso
O governo Goulart e o debate historiográfico, Marcelo Badaró acesso
O golpe de 1964: debatendo discursos políticos e historiográficos, Rafael Lameira e Diorge Konrad acesso
1964: as falácias do revisionismo, Caio N. de Toledo acesso
1964: polêmica com tendências da historiografia, Demian Melo acesso
Balanço da historiografia sobre o golpe de 1964, Marcos Napolitano acesso
A conjuntura do golpe e a democracia, Marcos Del Roio acesso
As causas políticas da vitória dos golpistas, J. Quartim de Moraes acesso
N. Werneck Sodré: debatendo o golpe e o ISEB, Dênis de Moraes acesso
N. Werneck Sodré e o golpe de 1964, Olga Sodré acesso



A conjuntura do golpe: atores, lutas sociais e político-ideológicas

Quem dará o golpe no Brasil?, livro de Wanderley Guilherme acesso
Acumulação capitalista e o golpe de 1964, Nildo Viana acesso
Golpe de 1964: militares brasileiros e o empresariado nacional e norte-americano, Martina Spohr acesso
A participação dos EUA no golpe de 1964, J. Green e A. Jones acesso
O papel dos EUA no golpe de 1964, R. Rodrigo acesso
IPES e IBAD na conjuntura do golpe de 1964, Bruna Pastore acesso
O dispositivo militar do governo Goulart, Fabiano Faria acesso
A luta ideológica no pré-1964: IPES e IBAD, Caio N. de Toledo acesso
Catolicismo conservador no pré-1964, Adriano Codato e Marcus de Oliveira acesso
A ação da OAB no golpe de 1964, Marcos Leme de Mattos acesso
Representações do golpe na mídia, Flávia Birolli acesso
Imprensa, jornalistas e o golpe de 1964, João Amado acesso
Jornais paulistas apoiaram o golpe, Luiz Antônio Dias acesso
As manchetes da imprensa no golpe de 1964, CartaMaior acesso
Dossiê: “1964: Cultura e Poder”, Revista DH, PUC-SP acesso
Artistas e intelectuais nos anos 1960, Marcelo Ridenti acesso
Os integralistas e o golpe de 1954, Gilberto Calil acesso
Apoio e resistência em Santa Maria (RS), Diorge Konrad acesso
O golpe de 1964 visto pelo humor crítico, Dislane Moraes acesso
O golpe nos livros didáticos, Mateus Pereza e Andreza Pereza acesso
“Era possível abortar o golpe!”, ex-Brig. Rui Moreira Lima acesso
Carta de Florestan Fernandes a um militar e outros textos acesso
Réquiem para um aniversário, Ruy Guerra acesso

Trabalhos acadêmicos

A Rede da Democracia e o golpe de 1964, Eduardo Gomes Silva acesso
A política econômica de Goulart, Mário Pinto de Almeida acesso
Movimento estudantil e política, João Roberto Martins Filho acesso
A esquerda católica e as reformas de base, Fábio Gavião acesso
O discurso golpista nos documentários do Ipes, Marcos Correa acesso
O anticomunismo do IPES como projeto de classe, Pâmela Deusdará acesso
Brizola e as lutas dos militares subalternos, César Rolim acesso
Teatro político e reforma agrária, Rafael Villas Bôas acesso


Vídeos e filmes sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar

Depoimento de Gregório Bezerra: política e repressão acesso
Apoio dos EUA ao golpe de 1964 acesso
“Operação Brother Sam” e o golpe de 1964 acesso
Por que o governo Goulart não resistiu? acesso
TV Globo e exaltação da ditadura militar (1975) acesso
Dezenas de vídeos sobre a ditadura militar (Núcleo de Memória) acesso
Filmes do IPES: a preparação do golpe acesso
Cabra marcado pra morrer, Eduardo Coutinho acesso
O dia que durou 21 anos, Flávio Tavares acesso
Jango, Sílvio Tendler acesso
Cidadão Boilesen, Chaim Litewski acesso


FONTE: http://marxismo21.org/o-golpe-de-1964/

Registro histórico: golpe de 1964 foi num 1o. de Abril!


Por Mário Magalhães

A data de 31 de março de 1964 como a do golpe de Estado é uma fraude inventada pelos golpistas. Até o dia 1º de abril, o presidente João Goulart estava no governo, no Rio (manhã) ou em Brasília (tarde-noite). Ou seja, o golpe ocorreu mesmo no Dia dos Bobos e da Mentira. Nesta segunda-feira, 1º de abril, a derrubada de Jango completa 49 anos de triste memória.


Para Chauí, ditadura iniciou devastação física e pedagógica da escola pública



Por: Paulo Donizetti de Souza, Rede Brasil Atual

"Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, se ia ser preso, se ia ser morto. Não sabia." (Foto: Gerardo Lazzari/ Sindicato dos Bancários)


São Paulo – Violência repressiva, privatização e a reforma universitária que fez uma educação voltada à fabricação de mão-de-obra, são, na opinião da filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, as cicatrizes da ditadura no ensino universitário do país. Chauí relembrou as duras passagens do período e afirma não mais acreditar na escola como espaço de formação de pensamento crítico dos cidadãos, mas sim em outras formas de agrupamento, como nos movimentos sociais, movimentos populares, ONGs e em grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos. 

Chauí, que "fechou as portas para a mídia" e diz não conceder entrevistas desde 2003, falou à Rede Brasil Atual após palestra feita no lançamento da escola 28 de de Agosto, iniciativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo que elogiou por projetar cursos de administração que resgatem conteúdos críticos e humanistas dos quais o meio universitário contemporâneo hoje se ressente.

Quais foram os efeitos do regime autoritário e seus interesses ideológicos e econômicos sobre o processo educacional do Brasil?

Vou dividir minha resposta sobre o peso da ditadura na educação em três aspectos. Primeiro: a violência repressiva que se abateu sobre os educadores nos três níveis, fundamental, médio e superior. As perseguições, cassações, as expulsões, as prisões, as torturas, mortes, desaparecimentos e exílios. Enfim, a devastação feita no campo dos educadores. Todos os que tinham ideias de esquerda ou progressistas foram sacrificados de uma maneira extremamente violenta.

Em segundo lugar, a privatização do ensino, que culmina agora no ensino superior, começou no ensino fundamental e médio. As verbas não vinham mais para a escola pública, ela foi definhando e no seu lugar surgiram ou se desenvolveram as escolas privadas. Eu pertenço a uma geração que olhava com superioridade e desprezo para a escola particular, porque ela era para quem ia pagar e não aguentava o tranco da verdadeira escola. Durante a ditadura, houve um processo de privatização, que inverte isso e faz com que se considere que a escola particular é que tem um ensino melhor. A escola pública foi devastada, física e pedagogicamente, desconsiderada e desvalorizada.

E o terceiro aspecto?

A reforma universitária. A ditadura introduziu um programa conhecido como MEC-Usaid, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, para a América Latina toda. Ele foi bloqueado durante o início dos anos 1960 por todos os movimentos de esquerda no continente, e depois a ditadura o implantou. Essa implantação consistiu em destruir a figura do curso com multiplicidade de disciplinas, que o estudante decidia fazer no ritmo dele, do modo que ele pudesse, segundo o critério estabelecido pela sua faculdade. Os cursos se tornaram sequenciais. Foi estabelecido o prazo mínimo para completar o curso. Houve a departamentalização, mas com a criação da figura do conselho de departamento, o que significava que um pequeno grupo de professores tinha o controle sobre a totalidade do departamento e sobre as decisões. Então você tem centralização. Foi dado ao curso superior uma característica de curso secundário, que hoje chamamos de ensino médio, que é a sequência das disciplinas e essa ideia violenta dos créditos. Além disso, eles inventaram a divisão entre matérias obrigatórias e matérias optativas. E, como não havia verba para contratação de novos professores, os professores tiveram de se multiplicar e dar vários cursos. 

"Fazer uma universidade comprometida com o que se passa na realidade social e política se tornou uma tarefa muito árdua e difícil"

Houve um comprometimento da inteligência?

Exatamente. E os professores, como eram forçados a dar essas disciplinas, e os alunos, a cursá-las, para terem o número de créditos, elas eram chamadas de “optatórias e obrigativas”, porque não havia diferença entre elas. Depois houve a falta de verbas para laboratórios e bibliotecas, a devastação do patrimônio público, por uma política que visava exclusivamente a formação rápida de mão de obra dócil para o mercado. Aí, criaram a chamada licenciatura curta, ou seja, você fazia um curso de graduação de dois anos e meio e tinha uma licenciatura para lecionar. Além disso, criaram a disciplina de educação moral e cívica, para todos os graus do ensino. Na universidade, havia professores que eram escalados para dar essa matéria, em todos os cursos, nas ciências duras, biológicas e humanas. A universidade que nós conhecemos hoje ainda é a universidade que a ditadura produziu. 

Essa transformação conceitual e curricular das universidade acabou sendo, nos anos 1960, em vários países, um dos combustíveis dos acontecimentos de 1968 em todo mundo.

Foi, no mundo inteiro. Esse é o momento também em que há uma ampliação muito grande da rede privada de universidades, porque o apoio ideológico para a ditadura era dado pela classe média. Ela, do ponto de vista econômico, não produz capital, e do ponto de vista política, não tem poder. Seu poder é ideológico. Então, a sustentação que ela deu fez com que o governo considerasse que precisava recompensá-la e mantê-la como apoiadora, e a recompensa foi garantir o diploma universitário para a classe média. Há esse barateamento do curso superior, para garantir o aumento do número de alunos da classe média para a obtenção do diploma. É a hora em que são introduzidas as empresas do vestibular, o vestibular unificado, que é um escândalo, e no qual surge a diferenciação entre a licenciatura e o bacharelato. 

Foi uma coisa dramática, lutamos o que pudemos, fizemos a resistência máxima que era possível fazer, sob a censura e sob o terror do Estado, com o risco que se corria, porque nós éramos vigiados o tempo inteiro. Os jovens hoje não têm ideia do que era o terror que se abatia sobre nós. Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, não sabia se ia ser preso, se ia ser morto, não sabia o que ia acontecer, nem você, nem os alunos, nem os outros colegas. Havia policiais dentro das salas de aula.

Houve uma corrente muito forte na década de 60, composta por professores como Aziz Ab'Saber, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Maria Vitória Benevides, a senhora, entre outros, que queria uma universidade mais integrada às demandas da comunidade. A senhor tem esperança de que isso volte a acontecer um dia?

Foi simbólica a mudança da faculdade para o “pastus”, não é campus universitário, porque, naquela época, era longe de tudo: você ficava em um isolamento completo. A ideia era colocar a universidade fora da cidade e sem contato com ela. Fizeram isso em muitos lugares. Mas essa sua pergunta é muito complicada, porque tem de levar em consideração o que o neoliberalismo fez: a ideia de que a escola é uma formação rápida para a competição no mercado de trabalho. Então fazer uma universidade comprometida com o que se passa na realidade social e política se tornou uma tarefa muito árdua e difícil. 
"Esse é o momento também em que há uma ampliação muito grande da rede privada de universidades, porque o apoio ideológico para a ditadura era dado pela classe média"

Não há tempo para um conceito humanista de formação?

É uma luta isolada de alguns, de estudantes e professores, mas não a tendência da universidade.

Hoje, a esperança da formação do cidadão crítico está mais para as possibilidades de ajustes curriculares no ensino fundamental e médio? Ou até nesses níveis a educação forma estará comprometida com a produção de cabeças e mãos para o mercado?

Na escola, isso, a formação do cidadão crítico, não vai acontecer. Você pode ter essa expectativa em outras formas de agrupamento, nos movimentos sociais, nos movimentos populares, nas ONGs, nos grupos que se formam com a rede de internet e nos partidos políticos. Na escola, em cima e em baixo, não. Você tem bolsões, mas não como uma tendência da escola.


Pastores pentecostais tocam fogo em templos indígenas no Brasil



“URUCUM É BOSTA DO DIABO”

Ras Adauto da ppaberlim, nos alertou sobre a grave situação em que vivem os Guaranis no Mato-Grosso do Sul: “A luta dos índios guaranis no Mato Grosso do Sul para preservarem suas tradições religiosas necesssita de intervenção do governo federal, suas práticas religiosas estão sendo acintosamente satanizadas pelas seitas pentecostais.”

O 25 mil índios que ainda restam na região em que eles foram donos, estão sendo vítimas no momento de um massacre e genocídio cultural. 36 igrejas pentecostais concorrem entre si pelas almas indígenas, somente em uma reserva com 12 mil indios em Dourados.

Os indígenas já não podem nem mais usar urucum, pois segundo os pastores das igrejas, a tinta usada pelos indígenas para cobrir seus corpos, é “bosta” do diabo.

Reportagem de Fábio Pannunzio para a Rede Bandeirantes de Televisão.




FONTE: http://www.jornalterradagente.com.br/2012/02/pastores-pentecostais-tocam-fogo-em.html?spref=fb&fb_source=message

Por que a mídia corporativa brasileira não noticia os protestos contra Yoni Sanchez no resto do mundo?


A blogueira cubana Yoani Sanchez passou pelo Brasil como um furacão da mídia empresarial que se serviu dela para atacar Cuba e o governo Dilma. Até o normalmente circunspecto Élio Gáspari lembrou disso hoje ao elogiar as prisões ordenadas pelo dublê de pastor e deputado Marco Feliciano contra manifestantes que se opõem à sua presença na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados.

O interessante é que em sua turnê mundial, Yoani Sanchez enfrentou o mesmo tipo de proteção da mídia empresarial e protestos das organizações e partidos que apoiam a revolução cubana, inclusive nos EUA (Aqui! e Aqui!)

A diferença é que nada disso mereceu uma linha sequer por aqui. Deve ser porque Yoni já tinha esgotado a sua utilidade.  


Área sob risco de desmatamento na Amazônia Legal aumenta 26% em 2013


Por Rafael Bitencourt | Valor

BRASÍLIA - O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Volney Zanardi Júnior, anunciou hoje que a área sob alerta de risco de desmatamento na Amazônia Legal aumentou 26% entre 2012 e 2013. Os dados são do sistema de detecção do desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), na comparação entre os períodos compreendidos de agosto/2011 a fevereiro/2012 e de agosto/2012 a fevereiro/2013.

O alerta serve de indicação para o Ibama traçar as estratégias para operações de fiscalização. A área da região amazônica em estado de alerta saltou de 1.338 quilômetros quadrados (km²), em 2012, para 1.696 km², em 2013. O monitoramento ocorre, em tempo real, por imagens geradas por satélites.

O período de agosto e janeiro do ano subsequente é escolhido em razão da qualidade das imagens apuradas por satélites. Nos demais meses, a cobertura de nuvens do período chuvoso compromete o detecção, pelo Inpe, das possíveis áreas com eventual ação de desmatamento.

O Estado com maior área em alerta é Moto Grosso, com 734 km² identificados entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013. O Estado registrou um crescimento de 22% das áreas com indícios de desmatamento, em relação ao mesmo período do ano anterior (604 km²). Em seguida estão Pará, com 428 km² em alerta até fevereiro deste ano, e Rondônia, com 270 km² no mesmo período.

De uma área 1.053 km² indicada pelo Inpe, o Ibama constatou “in loco” que 46% contavam com “corte raso” da vegetação, o que é configurado como desmatamento. Outros 47% correspondeu a “degradação florestal”, em que se registra algum tipo de queimada. Os 7% restantes estão atrelados à terminologia “falso positivo”, onde geralmente é encontrada espelho d’água ou camada de rocha que geram suspeita ao aparecer nas imagens de satélites.

A cobertura de nuvens é um dos grandes desafios para o trabalho do Inpe para detecção de áreas com suspeita de desmatamentos. Em janeiro/2013, por exemplo, o instituto disparou alerta para apenas 9 km² de área, dada a visibilidade comprometida pela cobertura de nuvens de 66%, o que contrasta com agosto/2012 que registrou 522 km² com possíveis focos de desmatamento, porém com a cobertura de nuvens de apenas 5%.

(Rafael Bitencourt | Valor)

Aldeia Maracanã é fichinha: Força Nacional vai acompanhar grupo que estuda usinas no Tapajós


SÃO PAULO - A Justiça Federal negou o pedido do Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) de suspensão da operação policial organizada pelo governo federal para garantir a realização dos estudos de impacto, resultantes da construção de usinas hidrelétricas no rio Tapajós, na região amazônica. As informações são da Agência Brasil.

Rio Tapajós, no Pará

A decisão da Justiça Federal foi divulgada nesta semana e se aplica a todos os outros recursos apresentados pelo MPF e pela União contra os planos de aproveitamento hídrico do rio Tapajós.

Com a decisão, policiais da Força Nacional poderão acompanhar o grupo de biólogos, engenheiros florestais e técnicos que vão percorrer áreas afetadas pelo empreendimento, a fim de realizar os estudos necessários à obtenção da licença ambiental prévia à construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós. A realização dos estudos é coordenada pela Eletrobrás.

No pedido interposto na Justiça Federal em Santarém (PA), o MPF apontava o risco de confronto entre policiais e manifestantes contrários à construção de usinas no rio Tapajós, principalmente com os índios da etnia munduruku, que vivem em áreas que serão afetadas pelos empreendimentos.

Segundo o MPF e organizações indigenistas, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os munduruku não foram consultados sobre as obras, conforme estabelecem acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Há anos, os munduruku manifestam-se publicamente contra esse tipo de empreendimento em suas terras já demarcadas ou em processo de reconhecimento.

Em fevereiro, líderes munduruku reuniram-se em Brasília com representantes do governo federal, entre eles os ministros Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, e Edison Lobão, de Minas e Energia, e disseram que fariam de tudo para impedir que os projetos fossem levados adiante.

O MPF sustenta que a chamada Operação Tapajós é ilegal porque a Justiça suspendeu o licenciamento ambiental da usina por falta de consulta prévia aos índios e da conclusão do estudo de viabilidade. 

Além disso, no recurso apresentado à Justiça Federal, os procuradores da República Felipe Bogado, Fernando Antônio de Oliveira Júnior e Luiz Antonio Amorim apontam o risco de que se repitam episódios como a morte do índio Adenilson Kirixi Muduruku, morto em 2012 durante a Operação Eldorado, da PF, no combate a garimpeiros.

Em nota, a AGU (Advocacia-Geral da União) sustenta que o acompanhamento da Força Nacional reflete a preocupação do Estado brasileiro em evitar a ocorrência de incidentes graves entre membros da equipe e pessoas das comunidades locais. 

(Folhapress)


Eike Bastista, várias curtas e gorssas da Revista Exame



Eike perde US$ 2 milhões por hora

Eike Batista despencou da 7ª para a 100ª posição no ranking dos bilionários da Forbes. Segundo a revista, sua fortuna encolheu ao ritmo de 2 milhões de dólares por hora, no último ano, passando de 30 bilhões para 10,6 bilhões.

André Esteves vai salvar Eike?

O banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual,é o novo parceiro estratégico de Eike Batista. Um acordo assinado nesta semana prevê que o BTG forneça aconselhamento financeiro, avalie linhas de crédito e, eventualmente, invista em projetos da EBX, de Eike.

Perdas das empresas X dobram

A safra de balanços encerrada neste mês deixou um gosto amargo para as empresas do Grupo EBX, de Eike Batista. Segundo a consultoria Economática, as companhias X listadas em bolsa viram suas perdas saltarem de 1 bilhão de reais, em 2011, para 2,5 bilhões no ano passado.

E.ON avança na MPX

São Paulo - A gigante alemã E.ON elevou sua participação na MPX para 36,2%, ao comprar uma fatia de 24,5% neste mês, por 1,5 bilhão de reais. O acordo prevê, ainda, um aporte de 1,2 bilhão de reais na companhia de energia de Eike Batista.

Fiocruz vai sediar evento sobre a defesa da Baía da Guanabara


A Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz)  vai sediar no dia 13 de Abril de 2013 o "II Encontro do Comitê dos Rios" cujo tema será os "Povos em Defesa da Baia da Guanabara".

Este evento abordará resistência dos povos da Baia de Guanabara ontem e hoje. Segundo os organizadores, a palavra será dada os pescadores artesanais, os moradores de Manguinhos, Alemao, Maré, Vila Residencial, etc. 

O evento tratará também das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), do Comperj, da Refinaria de Manguinhos, da extração de Minerio na Serra da Misericordia, da dragagem do canal do Fundão, e da falta de saneamento.


Abaixo o cartaz-convite do evento!



O Diário informa: MP pode pedir paralisação das obras do porto (do Açu)

Perdas: Agricultores registram prejuízos nas lavouras com salinização do subsolo e do canal que corta região


Tatiana Freire

O Ministério Público Estadual (MPE), através da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva de Campos, estuda o ajuizamento de uma ação civil pública contra a OSX, com objetivo de paralisar as obras do Porto do Açu até que o problema da salinização do subsolo e do canal Quitingute, constatado em novembro do ano passado, seja solucionado. A definição sobre a ação sairá em 30 dias.

Segundo o promotor Leandro Manhães, em fevereiro deste ano a empresa foi notificada para apresentar esclarecimentos sobre o ocorrido e as medidas tomadas para resolver o problema, e ainda sobre o interesse na realização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Ainda segundo o MPE, a empresa apresentou um relatório, mas se negou a celebrar o TAC. Caso o documento fosse assinado, a OSX teria que se submeter às determinações do Ministério Público.

Na última sexta-feira, 22, o promotor visitou a Vila da Terra, área construída pela LLX em parceria com a prefeitura de São João da Barra para abrigar as famílias que tiveram os imóveis desapropriados pelo governo do Estado. Na ocasião, ele destacou que “as visitas e informações colhidas dos moradores são importantes para confirmar ou não, as notícias que rotineiramente chegam ao Ministério Público”.

Salinização 

Pesquisas realizadas pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) na localidade de Mato Escuro apontaram que a água encanada fornecida pelo governo municipal à população apresenta salinidade entre cinco e sete vezes superior à do rio Paraíba do Sul.

Em 1º de fevereiro a OSX, do grupo EBX, do empresário Eike Batista foi multada pelo governo do Estado em R$ 1,3 milhão por provocar a salinização de água doce de canais e lagoas da região, em função das obras do Superporto do Açu. A empresa ainda recebeu a determinação de investir mais R$ 3 milhões em obras de dragagem e florestamento, além do pagamento de R$ 350 mil anuais para a manutenção, até que os problemas sejam resolvidos.

Empresas declaram que nenhum agricultor foi prejudicado

Através de nota, a LLX e a OSX informaram que até o momento não foi identificado nenhum agricultor prejudicado em São João da Barra. As empresas também apontaram que a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) constatou, através de análises, que as águas do 5º distrito encontram-se dentro dos padrões de normalidade tanto para fins de irrigação quanto para consumo animal. “A UFRRJ, que monitora a região desde 2007, também confirmou que não há impacto no setor agrícola da região. Vale lembrar que, conforme informado pela CEDAE, não houve impacto na água distribuída para consumo humano”, complementou a nota.

Sobre o TAC, a OSX justificou ter reiterado ao INEA a sua disponibilidade para a celebração do correspondente Termo de Compromisso Ambiental, quando apresentou sua impugnação ao auto de infração correspondente. “As empresas reforçam que estão abertas ao diálogo com os agricultores e à disposição para prestar mais informações”.

sábado, 30 de março de 2013

Eike, o ouro de Midas gorou!


Por  EVERALDO GONÇALVES

Não existe base sólida nos investimentos do Grupo X, cujos projetos e ações se desmancham no ar. Eike não soube operar com seriedade os recursos levantados no mercado ou tomados de fundos de pensão, agências e bancos oficiais

Ninguém chuta cachorro morto, especialmente quando não há confirmação do óbito, embora possa ter nome de cão e gostar de botar coleira nos outros. Eike costuma desacreditar os geólogos, com a pecha de sonhadores. Não é por esta infantilidade que sou pioneiro na crítica crítica ao Grupo X. Inclusive fiz, no Brasil 247, três artigos (aqui, aqui e aqui) mostrando a fragilidade do empresário e a demolição do seu best-seller: O X da Questão.

Eike Batista (da Silva) não é aquilo que não escreveu, nem leu. Perdeu até o sobre nome do pai, o grande Eliezer Batista da Silva. O mercado cria e desmonta seus mitos, tal qual o cinema ou televisão os seus ídolos.

Não existe base sólida nos investimentos da incógnita do Grupo X, cujos projetos e ações se desmancham no ar, nem ele soube operar com seriedade os recursos levantados no mercado ou tomados de fundos de pensão, agências e bancos oficiais. Mineração é um empreendimento de risco perigoso para aventureiros.

O cidadão comum ou pequeno empresário, para conseguir um empréstimo, é obrigado a apresentar garantias reais, aos bancos que fazem um acurado levantamento do passado e presente da pessoa física e jurídica, inclusive com previsões e os impactos ambientais e ações que possam colocar em risco os projetos.

O X-Eike, com seus projetos, enganou todo mundo, inclusive analistas competentes, ou então é caso de corrupção.

A situação de indefinição do Porto do Açu é gravíssima. Desde o início, até no nome é uma megalomania, pois Açu, em indígena, significa "grande", e não deveria ter sido chamada de Super Porto Grande, ou seja, Eikelândia.


O feitiço contra o feiticeiro


É praga de índio! Nada que o nosso homem de ouro coloca nome indígena dá certo devido à maldição jogada pelo pajé desmoralizado pelo contrabandista, que comprava o metal amarelo recuperado à base da fumaça do mercúrio. Na Amazônia, os garimpeiros perderam 2.500 toneladas de mercúrio distribuídas nas cavas, igarapés e rios, mal utilizado na amalgamação de ouro. Basta perguntar ao Eike – que se protegia da maleita com uma talagada de cachaça com alho –, quanto comprou de ouro nos garimpos e multiplicar por até quatro vezes para achar a quantidade de veneno sublimado, na nuvem branca que assustava os índios. O medo de tudo virar fumaça deu o apelido, ao jovem de cabelo de milho, de Eikeguera. O Diabo Loiro!

Gorou o Porto Biguaçu, em Santa Catarina e também o de Peruíbe, em São Paulo. No Rio de Janeiro, o porto de Itaguaí, corre o risco de faltar minério e o do Açu, o X da questão é tão grande, que a equação de terceira geração não fecha.

O projeto original do porto privado do Açu, aprovado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), n° 814, de 20 de junho de 1997, era modesto obtido em nome da Mineração Pesquisa e Comércio Ltda. – MPC, exclusivo para embarcar minério de ferro de minas marginais, na região da Serra do Cipó – MG. Num passe de mágica, foi outorgado à MMX, em 11 de junho de 2008, pela resolução n° 1.059 da ANTAQ.


Ferro para inglês ver, o "mico"


Os direitos minerais de ferro foram obtidos numa segunda temporada de especulação de requerimentos de pesquisa, nas mesmas áreas na Serra do Espinhaço-MG. Na primeira foi diamante e ouro, depois, na fila do registro mineral – o subsolo é da União que pode permitir ao primeiro particular interessado requerer áreas para pesquisar e lavrar –, conseguiu usurpar o capital primitivo.

Desta maneira, Eike Batista açambarcou áreas com minério de ferro de baixo teor, que já haviam sido descartadas pela Vale, por isso não se entende como enganou a gigante Anglo American. Os geólogos ficaram abismados pela supervalorização de depósitos minerais, cujas reservas não estavam comprovadas, com problemas ambientais e de logística. Pela primeira vez no Brasil, a rocha de itabirito duro foi incluída na categoria de minério medido. A reserva de minério de ferro rico e de itabirito friável é modesta, nos termos das jazidas brasileiras. Eram meros requerimentos ou relatórios de pesquisa insuficientes, obtidos de graça, comprados por 5,5 bilhões de dólares. Pior, é que para desenvolver a mina, mineroduto e o porto offshore (em alto mar) – parado – vai ter de botar mais dinheiro do que já gastou. As despesas passam de U$ 10 bilhões e fizeram, em 2012, um estrago no balanço e na diretoria da multinacional. Este péssimo negócio provocou a demissão do presidente da Anglo American e de diretores da filial brasileira.

Vendeu o "mico" para os ingleses, como se fosse para descontar o acordo de pano e vinho com Portugal, quando aqui não podia produzia nada e as Coroas, com nosso ouro trocavam tecido inglês por vinho do porto, no Século 18 (acordo de Methuen, de 1703).

Agora, o brasileiro mineiro foi à forra: vendeu minério pobre (teor de "25%), que precisa ser "fabricado" para chegar ao teor comercial (mínimo de 65%) e carreado por um duto de 525 quilômetros, pela água doce do Rio do Peixe até o mar. Entretanto, Minas reclama de ter perdido no passado geológico seu mar e ainda hoje tem de ajudar a adocicar o oceano dos cariocas.


A origem e o futuro incerto do Açu


No início, o magnata conseguiu um terreninho na praia e restingas (70 hectares), depois comprou outras áreas e o Governo do Estado do Rio desapropriou 5.700 ha de terras de usineiros falidos, em Campos e São João da Barra, e de humildes agricultores ou caiçaras. O Estado não tem dinheiro para pagar as terras e a LLX empresta e recebe as áreas livres para negociar por preços que variam de R$ 3,98 até R$ 30,00/m²/ano.

A faixa marinha da União é uma benesse ou coisa pior, pois, conforme está lá na dívida, de longo prazo no balanço da LLX, é de R$ 25.000,00. Isso mesmo: pelo arrendamento da Secretaria do Patrimônio da União – SPU, Eike paga R$ 780,00/mês, por 25 anos. Comparem o valor que os proprietários de casa de praia, pé na areia, recolhem aos cofres públicos.

Mas, então o negócio de Eike é bom e vai bombar? Nada disso, a incompetência é tanta que do porto de minério privativo, que precisa ter 70% de carga própria e no máximo 30% de cargas de terceiros, resolveu fazer um porto central (huby port), com modelo de moto-contínuo. Eike abandonou a engenharia para vender apólices, enciclopédias e fazer contrabando de diamante e ouro, mas deveria saber que é impossível, não basta ter o ponta pé inicial no projeto. Além do dinheiro fácil, é preciso de realimentação de energia e trabalho!

O projeto do Açu é miraculoso: para exportar minério, faz-se o porto; aproveita-se e constroem-se logo duas usinas siderúrgicas, cujo carvão trará das suas minas da Colômbia e vai poder aproveitar para fazer usinas térmicas. Como por aqui vai tirar gás, ótimo, instala outra usina. As siderúrgicas vão gerar escória e com ela, simples, implantam-se duas fábricas de cimento. Do aço, fabricam-se tubos que servirão para os dutos de petróleo e gás. E, com a chapa de aço, instala-se uma fábrica de carros, que o Brasil precisa tanto para gastar mais do farto petróleo da OGX.

Em novembro de 2012, a situação complicou com a desistência, do grupo chinês Whuan Iron and Steel – WISCO, de implantar a siderurgia. Com isso, o negócio da China, com a cadeia produtiva do aço gorou.

Então, qual biruta, Eike muda conforme o vento dos seus papéis, pois, uma vez que a EBX vai produzir muito petróleo, o Açu vira porto pivô do pré-sal! Porém, não há ferrovia, rodovia, nem terminal pronto e o porto deveria ter entrado em operação em 2011, passou para 2012, 2013 e 2014 e já não se sabe se vai operar, ao menos no TS1.


Propaganda enganosa


O jorro de petróleo foi anunciado com estardalhaço no dia 29 de janeiro de 2012, às 19 horas, 46 minutos e 40 segundos, quando teve início o processo de abertura, na Bacia de Campos, do poço de Waimea – "onda grande", nome indígena havaiano. Portanto, a praga vale na terra e no mar, de nada adiantou mudar o nome para Tubarão Azul, pois fracassou.

Lembram-se do navio-plataforma da OSX com capacidade de 800.000 barris, que ficou exposto no cais do Rio, mostrando uma grande faixa da vitória, mas estava em reforma? Deu em nada: como produz só 8.000 barris/dia, 12.000, no máximo, assim fica mais caro o custo de 100 dias para encher o navio que o valor do petróleo tirado.

Ora, não tem petróleo próprio que venha da Petrobras. Por isso, Eike contratou na diretoria da LLX uma especialista em porto seguro, uma ex-ministra do STF, companheira do autor de seu livro do "O X da Questão", Ellen Gracie Northfleet. De sobra, a tiracolo, Eike Batista levou para mostrar a inacabada oitava maravilha do mundo, nada mais nada menos que a dupla de presidentes em pleno exercício do poder no País. Primeiro foi Dilma Rousseff, em 26 de abril de 2012, e depois, qual garoto propaganda, Lula da Silva, em 25 de janeiro de 2013, é que foi visitar as obras que desde 2010 deveriam estar operando.

Só falta levar a Maria das Graças Foster e, na conversa, a Petrobras, que não tem mais dinheiro para tocar seus projetos, para ser a âncora do porto, qual navio à deriva, a ponto de ir a pique.


Capitalismo sem capital


Era o homem de ouro, Midas, o mais rico do Brasil e queria ser o do mundo. Caiu. Não produz nada que pague os custos de empreendimento, sem projeto viável.

As empresas do Grupo X, realmente são uma incógnita. As operações entre si não permitem fazer uma avaliação acurada dos balanços, pois há tanto cruzamento de contrato e pagamento entre CNPJ diferentes, mas de mesmos controladores, que não é possível saber o caminho do dinheiro. O fordismo, com a verticalização do sistema de produção, foi o modelo do capitalismo da segunda revolução industrial. A ramificação empresarial Eike Batista, um emaranhado sem fim, vai do batom até a luta marcial, passando por restaurante, hotel, barcos, aviões, mineração, energia, petróleo e semelhantes ou não. É um modelo inédito no capitalismo, cuja regra número é simples: a coluna de crédito precisa ser positiva em relação ao débito. A popular é que o dinheiro não aceita desaforo e quem o detém, não costuma ostentar, muito menos jogar no lixo.

Eike Batista é o rico diferente. Pratica o capitalismo sem capital. Figura entre as grandes fortunas, mas o dinheiro veio da acumulação primitiva mineral e não usa recursos próprios quando suga o dinheiro público. Em um ano, o valor das ações do Grupo X caiu mais de 70% (2012), e continuou com mais 30% (2013). A ação da OGX, em 22 de fevereiro de 2012, valia R$ 18,18 e, em 11 de março de 2013, míseros R$ 2,50. Um dólar. Onde vai parar?

Que vergonha usar dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço, via BNDES e da Caixa Econômica Federal, em projetos que estão gorando, em série, do homem mais rico do país pobre! Quem vai pagar os prejuízos? Já tomou 13 bilhões de reais dos Bancos Oficiais e precisa de mais três.

O BNDES alega que o empresário dá garantias, mas elas valem menos e, à boca pequena, teriam sido dadas para lastrear outras operações. O perigo é que as empresas de Eike Batista estão registradas fora do Brasil.


Reescrever o Escândalo do Ferro e do Petróleo de Monteiro Lobato


Maldade na crítica? Não, alguns projetos até poderiam dar certo, mas o cara que queria ser o cara, inclusive ensinar com seu livreco a eficiência e a visão de 360°, é mercurial. Toda hora ele troca e demite a diretoria. Para culminar, em vez de dar consultoria, acaba de contratar nova reestruturação do grupo EBX. Negócio tão diversificado, com destaque no setor de energia, mineração, petróleo e portos, não é com a turma do BTG, que nem tem essa expertise, que Eike vai sair do buraco.

Outro dia, a tábua de salvação foi Eduardo Gouveia, presidente da Associação Comercial do Rio, que tinha posto no Conselho da Petrobras, e mal esquentou a cadeira, com 50 dias já demitiu da presidência da EBX. O mesmo ocorreu com técnicos que "roubou" da Petrobras, Landim, Mendonça e uma turma de competentes geólogos, em condição de passar dados que tinham na memória.

Qualquer analista pode enxergar essas atrapalhadas e mudanças bruscas nas empresas, mas ninguém viu, nem fala nada.

Exige-se uma posição da CVM e das autoridades brasileiras, especialmente do Congresso Nacional, pois o estouro pode afetar mais, ainda, a nossa economia, o BNDES, a Caixa e o mercado de capitais.

A presidente Dilma Rousseff lutou, com risco de vida, inclusive esteve presa e torturada para que, por via bélica, seu grupo da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR chegasse ao poder para mudar o Brasil, com democracia, justiça social, sem bandalheira. Eleita por eleição democrática, não pode abandonar a luta!

Monteiro Lobato, o verdadeiro pioneiro da indústria do petróleo nacional, vendia as ações de suas empresas para garantir as pesquisas que, se continuassem naquela época, em São Paulo, Mato Grosso, Sergipe, Bahia e outros alvos encontraria óleo e/ou gás. O DNPM e seus técnicos, que o escritor julgava vendilhões da pátria, escreveram relatórios, foram à imprensa e acusaram, sem muita razão, que era picaretagem. Quebraram as empresas!

Falido, inclusive, foi preso no Presídio Tiradentes, o mesmo que acolheu Dilma e seus companheiros, por uma carta desaforada enviada ao ditador Getúlio Vargas, na qual, entre as recomendações certas, mandava, para poupar combustível, usar o general Júlio Horta Barbosa, presidente do Conselho Nacional do Petróleo – CNP e sua troupe nas caldeiras das sondas de petróleo.

Em 1939, como castigo o ouro negro jorrou, na Bahia, em local que nós, geólogos, não acreditamos – junto ao embasamento de gnaisse – e o local se chamava Lobato! Nosso visionário, autor consagrado, tinha tanta confiança no petróleo que iria libertar o Brasil dos trustes, que, ao menos no mar, foi encontrado farto.

Mas, contra o Eike Batista, este sim, no meio geológico, salvo melhor juízo, reconhecido como, um "picareta", ninguém fala nada. Há que reescrever "O Escândalo do Ferro e do Petróleo" de Monteiro Lobato.

Estranho, na eventual quebra de Eike Batista, é que no setor do petróleo marcado por guerras sujas, não tenha sido preciso nenhum boicote. O Grupo X, ao contar apenas com a sorte, está pagando o pecado da inexperiência, com ingenuidade e incompetência.


Nem tudo é glória


Não acreditam? Nem o Hotel Glória, com dinheiro do BNDES, Eike Batista deu conta de reformar para a Copa do Mundo de 2014. Obra que qualquer um com dinheiro poderia ter feito em tempo, sem a certeza que irá dar lucro.

Na Marina da Glória, os arquitetos estão contra as ocupações e mudanças de volume e finalidade das obras previstas, junto ao aterro do Flamengo, que Eike Batista está querendo fazer. Inclusive, tais intervenções modificam os projetos paisagísticos de Burle Marx e representam uma grande ameaça à obra de Lota Macedo Soares.

A Lagoa Rodrigo de Freitas foi alvo de demagogia, pois Eike propalou a sua despoluição, que todos sabiam que é difícil e não era sua obrigação, mas o salvador da pátria, em surdina abandonou a boa causa.

O ferro do Amapá e do Mato Grosso, que a MMX vendeu à Anglo Americam, junto com as áreas da Serra do Espinhaço, também é pura mentira mineral. A Anglo já abriu mãos destes ativos modestos para sua dimensão.

O ferro do projeto Serra Azul, da MMX na Serra do Itatiaiuçu – olha a palavra indígena –, em Itaúna/Brumadinho – MG, é uma mina com passivo ambiental terrível e põe em risco o Rio São João e inclusive o abastecimento de água de Belo Horizonte – MG, correndo risco de ser fechada por ações judiciais e movimentos ambientais em curso.

A fábrica de carro MPX está lá no "esqueleto" na rodovia Fernão Dias, quase na divisa de São Paulo e Minas.

Até a indústria de cosméticos com as franquias foi legítimo caso de maquiagem, no qual tampouco o batom da Luma deu certo! Basta procurar na internet e ver o número de reclamantes e ações por perdas e danos.

A tal reserva de "meia Bolívia" de gás no Maranhão, não existe, pois a perfilagem geofísica não confirmou a fartura.

Sem limites, em bela prova do capitalismo selvagem, Eike Batista patrocina as violentas lutas marciais, nas arenas de combate do UFC, quais às do circo de Roma, no intuito de ganhar dinheiro com o sangue alheio. Além de acusar de assassino o ciclista morto ao impactar com o bólido de seu filho a 135 km/hora.


Do superporto ao puxadinho


De volta ao porto inseguro, vejam como é simples: faz-se um segundo porto onshore (em terra), já que o offshore foi mal projetado. Está lá abandonada uma ponte de 3 kms. para atender profundidade de 18 metros, que implica em dragagem perene de um longo canal, para poder receber navios de calado de 26 m e capacidade de até 380 mil toneladas. Mas, não foi feito ainda o quebra-mar, com 2.230 m; as peças de concreto de ajuste do enrocamento (core-loc) estão deteriorando ainda no pátio; os pilares da ponte estão balançando; não sabe se o minério vai chegar e ainda, falta mais de um bilhão de reais para acabar o porto TS1.

Então, a propalada da vantagem de um porto offshore, que opera em alto mar qualquer navio, para minério de ferro e petróleo, muda para o "puxadinho" onshore. Este precisa de dragagem da cota do nível do mar até o calado desejado e quebra-mar, com caixões de areia, para garantir o canal e a dragagem contínua no mar, que recebe os sedimentos do Rio Paraíba. Trabalho de Sísifo! Nunca termina, em porto particular, que jamais poderá receber dinheiro público para tal limpeza, que implica custo elevado de operação do porto, que será rateado por todos os usuários.

Acabou com a orla de São João da Barra - RJ, pois abriu um canal de 300 m. dividindo a praia pública. E, para preparar a área do retroporto do Açu, em cima das restingas, teve de entulhar com areia marinha, cuja água salgada contaminou o lençol freático.


Mobilização popular e da Justiça


A impunidade tem limites. Há várias ações contra as atividades do Porto Açu, em diferentes esferas, mas os agentes financeiros não as levaram em consideração. Porém, a justiça tarda, mas não falta.

A 1ª Vara da Justiça Federal de Campos-RJ, acaba de impedir que a OSX/LLX continue a destruir as restingas da área e outra ação impediu que continuasse a contaminar o lençol freático. Outra ação impede de retirar o volume de água pleiteado diretamente do Rio Paraíba do Sul.

O procurador federal Eduardo Santos Oliveira requereu e obteve a liminar da ação civil pública, com participação da Pastoral da Terra, com apoio de D. Thomas Balduíno, dos agricultores afetados e entidades ambientais, contra a ocupação das restingas, piorado com o enchimento da área com areia salgada. Na ação foi dado o prazo de 15 dias para o IBAMA confirmar os danos ambientais e a contaminação por salinização da área do canal de Quitinguti na zona de influência do Porto Açu, em obras da OSX, com multa de R$ 100.000,00/ dia.

Em fevereiro de 2013, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente – RJ multou a OGX/LLX em R$ 1.300.000,00 pela salinização do solo e do lençol freático. A Receita Federal, em seguida, multou em R$ 3,8 bilhões a MMX por irregularidades no recolhimento de impostos. A empresa pode recorrer, mas, caso perca, é um baque a mais no caixa sem fundo, ou com nosso fundo.

Sim, a Medida Provisória dos portos, em apreciação no Congresso Nacional, mais uma MP questionável, é a esperança. Pela segunda vez, igual fez Dom João VI°, em 28 de janeiro de 1808, vamos abrir os portos do Brasil ao mundo.

Maravilha, uma mistura do certo mal operado com o duvidoso. Acaba com os portos organizados, ainda que sejam desorganizados, para dar falsa competição a portos privados e grupos estrangeiros, que agora podem concorrer, em igualdade de condições, com carga de terceiros e os demais outorgados por processos públicos.

E o trabalhador da estiva? Ora, o proletário no governo do PT, quando se aliou ao capital, muitos acham que acabou a luta de classe. Portanto, na prática o trabalhador precisa entender a diferença de classe na própria classe. Cada porto segue seu regime de trabalho, em busca de eficiência. Num a mão de obra é pelo regime da CLT, em outro, é fornecida pelo Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO.

A MP – 595 é a mais pura defesa do liberalismo e de interesses de Eike Batista, que poderia inclusive contar com sua assinatura. Medida improvisada, que não elimina o perigo do ex-Midas, morrer na praia grande que é o Açu! Volta Luísa! A luta continua!

Everaldo Gonçalves é geólogo e jornalista; ex-professor da USP e da UFMG; ex-diretor da Eletropaulo e ex-presidente da CPFL